RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o aumento da produção pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) levou as cotações internacionais de petróleo aos menores níveis desde o início de 2021, quando o mundo ainda vivia sob a pandemia da Covid-19.
A reportagem apurou, porém, que a Petrobras ainda não pretende mexer nos preços dos combustíveis no país, para não repassar volatilidades ao consumidor interno, como prevê sua política comercial. Reajustes só serão aprovados quando a empresa entender que as cotações se estabilizaram em novo patamar.
Nesta segunda-feira (7), o petróleo Brent passou o pregão desta terça oscilando em torno dos US$ 64 por barril. Na última terça (1), antes de Tump anunciar o tarifaço e da Opep informar que ampliaria a produção, a cotação oscilava em torno dos US$ 75 por barril.
Com a queda, a Petrobras volta a vender combustíveis com prêmio em relação ao mercado internacional, o que poderia justificar novos cortes -a estatal não mexe no preço da gasolina desde julho de 2024; no diesel, houve um corte no início de fevereiro.
Na abertura do mercado desta segunda, a gasolina vendida pela estatal custava R$ 0,12 a mais do que a paridade de importação medida pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). No caso do diesel, o prêmio era de R$ 0,17 por litro.
Analistas preveem que o cenário baixista deve se manter, já que a guerra comercial iniciada por Trump tende a ter efeitos negativos sobre a economia global. Neste domingo (7), por exemplo, o banco Goldman Sachs reduziu em US$ 4 por barril sua projeção para as cotações ao fim de 2025.
Segundo eles, o Brent deve fechar o ano em US$ 62 por barril, confirmadas as projeções de recuo na economia global. Para 2026, a projeção foi cortada para US$ 58 por barril.
Eventual corte no preço dos combustíveis, e sua dimensão, no entanto, depende também do comportamento do câmbio, outra variável usada pela Petrobras em suas análises. Nesta terça, o dólar fechou em alta de 1,29%, a R$ 5,91.
Cortes no preço da gasolina, principalmente, têm grande impacto sobre a inflação, já que o produto tem o maior peso individual no cálculo do IPCA. Caso confirmado, um novo patamar no mercado externo pode ajudar no esforço do governo para forçar redução da taxa de juros.
Por outro lado, a consolidação de um novo patamar de preços de petróleo tem impacto sobre a balança comercial e a arrecadação de governos em diferentes esferas. A commodity foi o principal produto de exportação do Brasil em 2024, gerando US$ 45 bilhões em receita.
Os royalties e participações especiais pagos por petroleiras a União, estados e municípios também variam de acordo com as cotações em internacionais. Em 2024, as duas rubricas somaram cerca de R$ 95 bilhões.
A receita tem grande peso na arrecadação do estado do Rio de Janeiro e de municípios em frente ao pré-sal, como Maricá. Com o petróleo em torno dos US$ 75 por barril, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) estimava que a cifra superasse R$ 100 bilhões em 2025.