RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O estado do Rio de Janeiro tem 523 pessoas desalojadas e 48 desabrigadas após as fortes chuvas que começaram na sexta-feira (4). Os número são do Corpo de Bombeiros, que não registrou óbitos relacionados aos temporais.
Bombeiros atenderam 570 ocorrências relacionadas às chuvas em todo o estado, incluindo 18 deslizamentos de terra e 37 alagamentos. Oitenta e uma vítimas foram socorridas sem gravidade, e 174 animais foram resgatados. A corporação atua com cerca de 1.600 militares.
Neste domingo (6), o MIDR (Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional) reconheceu a situação de emergências em Angra dos Reis, na costa verde fluminense, e em Petrópolis, na região serrana. O reconhecimento autoriza as prefeituras a solicitar recurso do governo federal para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, kits de limpeza e água mineral.
As chuvas diminuíram no estado. Em Petrópolis, pontos de apoio foram desmobilizados e aulas na rede pública foram retomadas nesta segunda-feira (7), assim como em Angra dos Reis.
Na noite de domingo, a Defesa Civil estadual chegou a emitir alerta para risco alto de deslizamento em Angra, Petrópolis, Teresópolis e Duque de Caxias (Baixada Fluminense). O restante do estado tinha risco moderado de deslizamento. O boletim valia até as 7h desta segunda.
Nas redes sociais, a Prefeitura de Petrópolis afirmou que passou do estágio de atenção para o de observação, mais brando. O tempo, segundo o sistema meteorológico local, estará mais estável nesta segunda, com possibilidade de chuviscos à tarde.
Ainda na madrugada desta segunda, a Ecovias Rio Minas liberou para veículos o trecho da serra da BR-116, que liga o Rio a Teresópolis. A concessionária realizou vistoria e avaliou que, diante da diminuição das chuvas, o tráfego poderia ser retomado. O trecho estava totalmente interditado desde sábado, com deslizamentos de terra pontuais.
A Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia na região serrana, afirmou por nota que 837 clientes de Petrópolis seguem sem energia, o que representa 0,48% do total de clientes da empresa na cidade.
“Bolsões de alagamento e a queda de árvores de grande porte seguem sendo desafios para equipes da Enel Rio em diversas áreas”, afirmou.
À exceção de duas ruas ainda fechadas, as linhas de ônibus que circulam em Petrópolis já tiveram o itinerário normalizado. A Defesa Civil municipal disse que recebeu 141 chamados entre sexta e domingo.
Em Angra dos Reis, a prefeitura contabiliza 174 desalojados, acolhidos em dois abrigos da cidade. O município começou nesta segunda o cadastro para o Cartão Recomeçar, benefício estadual de R$ 3.000.
A Secretaria de Saúde reforçou atenção aos sintomas de leptospirose, cujo contato pode ocorrer por meio da água das enchentes.
Em Angra, um vídeo publicado no X mostra o momento em que vacas são arrastadas durante enchente. Segundo a Defesa Civil do município, a gravação foi feita no Parque Mambuca, um dos bairros atingidos. “De qualquer forma”, diz o órgão, “nem a Defesa Civil nem o Corpo de Bombeiros foram acionados para atuar nesta situação”.
Ainda no domingo, o governo federal afirmou em nota que “não procede a alegação de ausência de apoio federal”, em resposta às críticas do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), no sábado (5).
“Eles [governo federal] geralmente não se interessam muito no que o povo passa ou não. Não teve nenhuma ligação para o governo do estado, nada. As preocupações deles são outras, não são geralmente da vida das pessoas, não”, afirmou Castro, em entrevista coletiva.
“Já na segunda-feira (31) os órgãos de meteorologia alertaram para o risco de chuvas extremas”, disse o governo federal em nota. O Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), do MIDR, elevou o nível de atenção e realizou, na quarta-feira, uma reunião de preparação com mais de 250 representantes de órgãos municipais, estaduais e federais.