SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em dias de alta volatilidade nos ativos de renda variável, como esta segunda-feira (7), é comum que investidores ajam por impulso, com medo de perder dinheiro. No entanto, segundo especialistas, este é um dos piores erros que pode cometer.

“O primeiro passo é entender que o pânico muitas vezes é exagerado. O mercado reage a uma notícia ou situação transitória procurando se adaptar, e o investidor de risco busca se proteger vendendo suas posições. Não podemos esquecer, no entanto, que, para alguém vender, outra pessoa no lado contrário está comprando”, diz Cristiano Corrêa, professor do Ibmec.

Para Corrêa, agora não é o momento de negociar. “Já é tarde demais para reagir. A recomendação é aguardar o mercado se estabilizar e não tomar medidas drásticas.”

O QUE FAZER EM DIAS DE INSTABILIDADE NO MERCADO:

– Não negocie;

– Não tome decisões importantes;

– Confira se sua carteira de investimentos está adequada ao seu perfil;

– Caso o sobe e desce na tela da corretora te deixe nervoso, é possível que você esteja fora do seu perfil, sendo necessário um rebalanceamento da carteira;

– Espere o mercado se estabilizar para redistribuir seus investimentos.

De acordo com o professor, os movimentos dos últimos pregões são uma acomodação dos preços dos ativos em função das tarifas que devem ser implantadas.

“A melhor coisa a se fazer agora é parar e ficar apenas olhando. Ninguém sabe o que vai acontecer. Ao sair de posição em mercados voláteis, quando eles estão ruins, aquilo é uma perda irrecuperável”, diz Valter Police, planejador financeiro CFP.

Segundo Police, a melhor coisa a se fazer em momentos como o de hoje, além de esperar a volatilidade reduzir, é observar se a aplicação em renda variável é, de fato, adequada ao perfil de investidor.

“O mercado é assim. Não aconteceu nada hoje que não tenha acontecido muitas vezes. Eventualmente, temos uma queda desse tamanho”, afirma o planejador profissional.

A exposição à Bolsa é indicada apenas a investidores arrojados, que já têm boa reserva de emergência constituída e exposição à renda fixa. Além disso, eles lidam bem com o sobe e desce do mercado e não se desesperam ao ver o saldo da carteira de renda variável negativada, com foco no longo prazo.

“Se o investidor percebe que está desconfortável com os riscos que está correndo, pode sim ser o momento de reavaliar a carteira. Mas essa avaliação precisa ser racional, e não reativa. Trocar ações por renda fixa pode fazer sentido se o perfil do investidor foi mal definido ou se os objetivos mudaram — não apenas porque o mercado está balançando hoje”, afirma Carol Stange, planejadora financeira.

Os índices S&P 500, Nasdaq e Dow Jones chegaram a desabar quase 5% na abertura, mas foram se recuperando e chegaram a operar até em alta por volta das 11h (horário de Brasília). Às 11h15, porém, os três estavam em queda de 1,53%, 1,12% e 1,4%, respectivamente. No Brasil, o Ibovespa recuava 1,61%, a 125.203 pontos.

Antes de o mercado abrir, os futuros da Nasdaq chegaram a cair 4,4%. Esses contratos indicam como o mercado espera que os principais índices de ações —como o S&P 500 ou o Nasdaq— se comportem quando o pregão abrir. Na semana passada, as empresas com ações haviam perdido quase US$ 6 trilhões em valor de mercado.

O momento de forte queda pode ser visto como uma oportunidade de compra. No entanto, em contextos de alta instabilidade, o preferível é ficar de fora, já que é possível que os preços sigam caindo.

O VIX, conhecido como índice do medo de Wall Street, sobe 14,43%, a 51,85 pontos. Ele reflete a volatilidade do S&P 500, o maior referencial acionário americano.

O VXBR, que mede a intensidade do sobe e desce do Ibovespa, sobe 23,31%, a 26,45 pontos.

Para Police, o melhor momento para comprar um ativo é quando o investidor tiver um dinheiro disponível, sempre buscando o equilíbrio da carteira como um todo, balanceando a exposição às rendas fixa e variável e a diferentes ativos em cada uma delas.