BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) prefere a opção de fazer empréstimos de socorro a bancos em dificuldade à alternativa da liquidação da instituição financeira pelo Banco Central. Quando um banco é liquidado, o fundo tem que pagar a cobertura da garantia dos depósitos de até R$ 250 mil por CPF e CNPJ.

Para cada R$ 100 que paga de cobertura em caso de liquidação, o FGC consegue recuperar cerca de R$ 40 a R$ 50. Já com as linhas de empréstimos às instituições financeiras em dificuldades, chamadas tecnicamente de assistência, o FGC consegue economizar em relação aos casos de liquidação.

O FGC ficou em evidência após a aquisição do Master pelo BRB (Banco de Brasília), que está em análise pelas autoridades financeiras.

O presidente do FGC, Daniel Lima, participou no sábado (5) de reunião com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e dirigentes do Itaú Unibanco, Santander, Bradesco e BTG Pactual.

Como mostrou a Folha, um consórcio dos grandes bancos pode ficar com ativos de maior risco e menor liquidez do Master, que não foram adquiridos pelo BRB na operação de compra e venda. Os bancos ficariam com esses ativos, e o FGC garantiria o fluxo de caixa.

Até agora, porém, nenhuma proposta foi apresentada ao FGC, de acordo com pessoas envolvidas nas discussões com o BC.

O FGC pode oferecer linha de assistência desde 2008. De lá para cá, o fundo, já fez vários empréstimos desse tipo, mas todos têm caráter sigiloso para evitar que a divulgação dos casos acabe aumentando o risco à estabilidade do sistema bancário brasileiro. O fundo já garantiu depósitos de 40 bancos liquidados desde que foi criado, em 1995.

As operações de socorro por meio de empréstimos de assistência podem ser concedidas aos novos controladores de um banco. Com esses recursos emprestados, o novo controlador pode, por exemplo, comprar o banco que está numa situação frágil. Ele pode dar garantias como imóveis, ações e outros.

O que é fundamental nesse tipo de operação são as garantias apresentadas ao FGC e como o empréstimo será pago. Segundo pessoas a par do tema ouvidas pela reportagem, o FGC não concede empréstimos para toda e qualquer proposta que chega até ele. Há um escrutínio dos técnicos sobre a capacidade econômico-financeira e jurídica do banco.

O empréstimo é feito para enfrentar problemas de liquidez, mas não do capital do banco. A ideia não é salvar o controlador, mas o banco, e garantir a estabilidade do sistema.

A demonstração financeira do FGC, que vai ser liberada no próximo dia 29 de abril, apontará um patrimônio líquido da ordem de R$ 140 bilhões para uma liquidez de R$ 114 bilhões.

O sistema bancário tem hoje cerca de R$ 5 trilhões de depósitos elegíveis a cobertura do FGC para operações de todas as instituições financeiras. Com o limite de cobertura até R$ 250 mil por CPF e CNJ (restrito a R$ 1 milhão num período de quatro anos), cerca de R$ 2,5 trilhões estão cobertos pelo fundo.

Como revelou a Folha, os grandes bancos cobram do Banco Central uma reformulação do FGC para exigir uma contribuição adicional das instituições que aumentam o risco do fundo.