SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A juíza Tula de Mello, viúva do policial civil João Pedro Marquini Santana, morto em uma falsa blitz no Rio de Janeiro no domingo passado, afirmou que o agente morreu para salvar a vida dela.
Mello afirmou que Santana se colocou no meio da linha de tiros de criminosos para poder salvá-la. A magistrada explicou que no dia em que o policial foi morto eles estavam em carros separados.
João Pedro ia na frente e, subitamente, diminuiu a velocidade. Nesse momento, ela notou a presença de homens armados na pista e tentou dar marcha à ré, quando os criminosos passaram a atirar contra o seu veículo. Ao notar que a esposa estava sendo atacada, o agente não hesitou em interferir para que ela pudesse escapar.
Juíza ponderou que se não fosse a ação do marido, poderia estar morta. “Eu posso afirmar com certeza que, se não fosse a ação do João saindo do carro para desviar o foco dos criminosos, eles conseguiriam fazer com que os disparos de fuzil ultrapassassem a blindagem do meu carro. Ele não reagiu, ele agiu para me salvar, ele deu a vida para me salvar”, declarou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, hoje.
Tula contou que usou técnicas de defesa recebidas do Tribunal de Justiça do Rio e do marido para conseguir escapar. “Ele me treinou para que eu pudesse usar na prática estes mecanismos de defesa”.
Ela também afirmou querer justiça pela morte do marido. “Será que não estão vendo que a violência está banalizada e ninguém está fazendo nada? Estamos em um ponto que se tem algo pior que isso, nunca vi. O João costumava dizer que as coisas só melhorariam quando as autoridades passassem a ser afetadas pela violência. Eu não imaginei que eu fosse ser justamente a autoridade para que alguém pudesse fazer algo concreto. Não vou sentar ali como vítima, vou agir, fazer o que for necessário para que seja dada a punição e para que a gente consiga uma cidade onde nós possamos circular livremente”.
João Pedro Marquini foi morto a tiros na Grota Funda no último domingo. Ele e Tula, do Tribunal do Júri, estavam em carros separados. Ela seguia em seu carro particular blindado e o agente vinha logo atrás, sozinho. Na altura do Túnel da Grota Funda, criminosos atacaram.
Juíza não se feriu. O carro dela foi atingido por disparos, mas os tiros não perfuraram o automóvel.
Ninguém foi preso até o momento. A polícia realizou buscas na comunidade do Cesar Maia, em Vargem Pequena, mas ninguém foi preso. Conforme a investigação, os responsáveis pela morte do agente seriam membros da facção criminosa Comando Vermelho.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital. Ainda não há informações detalhadas do que teria motivado o ataque.
João Pedro e Tula estavam casados desde fevereiro de 2024. Nas redes sociais, ela postava fotos do casal em viagens por diferentes países.