Da Redação

Dez dias após o terremoto de magnitude 7,7 que abalou Mianmar, o número de vítimas fatais subiu para 3.417, de acordo com informações divulgadas neste domingo (6) pela mídia estatal. O tremor, o mais forte já registrado no país, atingiu vastas áreas ao norte, centro e sul em 28 de março, sendo também sentido com intensidade na Tailândia e no sudoeste da China.

O balanço da tragédia inclui 4.671 feridos e 214 pessoas ainda desaparecidas, enquanto as equipes de resgate seguem em busca de sobreviventes. No entanto, fortes chuvas fora de época, combinadas com temperaturas extremas, têm dificultado os trabalhos. Organizações humanitárias alertam para o risco de surtos de doenças como a cólera, especialmente entre os milhares de desabrigados.

“Famílias estão dormindo ao relento, entre os escombros de suas casas, enquanto os corpos dos entes queridos ainda são retirados. Há um medo real de novos tremores. Precisamos levar abrigo e esperança a essas pessoas que perderam tudo”, declarou Tom Fletcher, chefe de ajuda humanitária da ONU, em publicação nas redes sociais.

A resposta internacional à catástrofe inclui o envio de equipes de resgate e suprimentos de países vizinhos como China, Índia e membros da ASEAN. Estima-se que cerca de 28 milhões de pessoas vivam nas regiões atingidas. Os Estados Unidos, por sua vez, prometeram pelo menos US$ 9 milhões em ajuda emergencial.

Entretanto, segundo ex-funcionários da USAID, cortes promovidos durante o governo Trump ainda afetam a capacidade de resposta americana. Marcia Wong, ex-funcionária da agência, afirmou que membros da equipe humanitária em Mianmar foram notificados de demissões iminentes, mesmo em meio aos esforços de socorro. “É desmoralizante para profissionais que estão se dedicando intensamente ao apoio às vítimas”, lamentou.

Na Tailândia, o terremoto também causou impactos severos. Ao menos 24 mortes foram confirmadas, sendo 17 delas no desabamento de um prédio em construção em Bangcoc. Outras 77 pessoas seguem desaparecidas no local.

O desastre natural intensifica ainda mais o cenário de instabilidade que Mianmar enfrenta desde o golpe militar de 2021. A guerra civil que se seguiu já deslocou mais de 3 milhões de pessoas e deixou um terço da população em situação de necessidade humanitária, segundo a ONU.

Apesar do anúncio de um cessar-fogo recente, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denuncia que a junta militar continua limitando o acesso à ajuda em regiões controladas por grupos de oposição e segue sendo acusada de abusos mesmo após a trégua. A crise humanitária, agora agravada pelo terremoto, expõe a vulnerabilidade extrema da população diante de múltiplas emergências simultâneas.