SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Das premissas que costumam ser verdadeiras no futebol brasileiro, duas estão em destaque depois de duas rodadas da Série A: o equilíbrio entre os times e as polêmicas de arbitragem.

Equivocou-se quem imaginou que a polêmica ficaria na proibição de subir na bola, trazida pela comissão de arbitragem em uma circular na sexta-feira.

Os áudios do VAR nas decisões polêmicas até já foram divulgados pela CBF.

No resultado prático, dentro de campo, um campeonato que não tem ninguém com 100% de aproveitamento depois de dois jogos.

Tem um bloco de sete clubes com quatro pontos, algo que tinha acontecido pela última (e até então única) vez em 2016.

É cedo, mas há favoritos e surpresas: Internacional, Corinthians, Ceará, Fortaleza, Botafogo, Flamengo e Palmeiras.

A liderança do Internacional, determinada nos critérios de desempate pelo número de cartões, puxa o fio para tratar da segunda premissa, que aborda a arbitragem.

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ERA PARA EXPULSÃO?

Tudo bem que o Colorado é um dos times organizados e desponta como candidato ao título. A questão é que a vitória por 3 a 0 sobre o Cruzeiro está na lista dos jogos com decisões mais questionadas na rodada do fim de semana.

Chamou a atenção a expulsão do zagueiro Jonathan Jesus, uma decisão tomada pelo experiente árbitro Marcelo de Lima Henrique -não revisada pelo VAR, pilotado por Daiane Muniz.

Marcelo viu uma falta muito contestada pelos cruzeirenses. Na visão dele, fora da área, uma jogada que impediu situação clara e manifesta de gol. Vermelho direto.

A decisão condicionou a partida. Foi crucial para o Inter vencer e chegar aos quatro pontos.

O Cruzeiro ficou alucinado com isso. Alexandre Mattos, CEO do futebol, classificou como “assalto a mão armada”. A reclamação será formalizada à comissão de arbitragem.

FOI PÊNALTI?

E não deve ser a única. A diretoria do Sport também se revoltou com o segundo pênalti dado ao Palmeiras, que definiu a vitória dos paulistas no Recife.

Matheus Alexandre tocou primeiro na bola, e depois houve contato com Raphael Veiga. O meia do Palmeiras desabou. Bruno Arleu Araújo marcou pênalti. O VAR Rodrigo Nunes de Sá não mudou a marcação.

“O que aconteceu hoje na Ilha do Retiro é uma vergonha para a arbitragem brasileira. O Brasil hoje importa treinador, o Brasil hoje importa jogador. Está na hora de importar árbitro também, porque a arbitragem que está hoje no Brasil não está no nível do Campeonato Brasileiro”, disparou o vice-presidente de futebol do Sport, Guilherme Falcão.

Mais uma decisão que, na prática, aumentou o número de times com quatro pontos no campeonato -neste caso, por causa do Palmeiras.

A REVOLTA DE ZUBELDÍA

O técnico do São Paulo, Luís Zubeldía, perdeu a linha com o árbitro Ramon Abatti Abel.

E aí foi por causa do critério de cartão amarelo, que acabou livrando Lyanco de expulsão ainda no primeiro tempo.

O treinador do São Paulo recebeu amarelo e vermelho, em sequência, de tanto que reclamou.

Não sei qual é o critério que esse árbitro utiliza. Não é a primeira vez que temos problemas com ele. O segundo amarelo para o Lyanco era claríssimo, não deveria existir essa dúvida. Tem coisas que não posso aguentar. Não sou líder dos árbitros, mas aquele lance do Lyanco era para expulsão. Não me interessa que eu saia na televisão ou nas redes sociais sendo expulso, pois vou fazer isso para defender o São Paulo sempre. Uma e mil vezes. Luís Zubeldía, técnico do São Paulo

Semana passada, Rogério Ceni, técnico do Bahia, fez uma reflexão sobre o clima que jogadores e técnicos criam ao redor dos árbitros e o quanto isso pode ser prejudicial. Mas tem gente que claramente discorda, sobretudo pelo sangue ficar quente dentro do jogo.

Sobre o equilíbrio, as duas primeiras rodadas podem ser um prenúncio, mas não são determinantes para ditar a dinâmica do campeonato todo. Em 2016, o Palmeiras bateu campeão, com nove pontos a mais do que Santos e Flamengo.