RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Líder mundial na venda de armas leves, a fabricante gaúcha Taurus anunciou nesta terça (1º) sua entrada no mercado de armamentos pesados com fins militares. Sua estreia deverá ocorrer com a produção de um drone armado com fuzil ou metralhadoras de grosso calibre.
O produto ainda não tem nome, e apenas um protótipo de um quadricóptero de grande porte foi apresentado na abertura da feira militar LAAD, no Rio de Janeiro.
O aparelho está equipado com um fuzil T4, uma das estrelas de seu catálogo. A previsão é de que ele possa comportar uma metralhadora .50, um dos objetos de desejo dos traficantes dos morros não muito distantes do local em que a feira ocorre.
É uma aposta baseada na tendência apontada nos campos de batalha da Ucrânia, invadida pela Rússia em 2022. Lá, grandes drones de ataque e vigilância foram crescentemente sendo substituídos por modelos mais baratos e menores, muitas vezes carregando apenas uma granada para atingir soldados de forma individual.
A Taurus anunciou que sua entrada no mercado de defesa começará com a aquisição do controle da empresa turca Mertsav, que fabrica armas com perfil semelhante ao dela hoje. A ideia é usar a capilaridade dos turcos para expansão no exterior.
Os valores do negócio não foram revelados. “Esta aquisição reduzirá muito o tempo para o desenvolvimento destes produtos e permitirá um salto no patamar do portfólio da empresa, tornando a Taurus muito mais competitiva no segmento militar”, disse o presidente da Taurus, Salesi Nuhs.
Ficou acertado que as empresas irão negociar os termos da aquisição até 31 de julho, prazo que pode ser esticado em dois meses.
A desvalorização cambial afetou o resultado da Taurus no ano passado, quando viu seu lucro cair quase 50%, chegando a R$ 76,6 milhões. Sua receita líquida também caiu, 6,1%, marcando R$ 1,67 bilhão no período.
A empresa domina o mercado de armas leves, como pistolas. Tem três fábricas, no Brasil, Estados Unidos e Índia. Se estande é um dos mais concorridos da LAAD, com o público composto de policiais e militares posando para selfies com as armas da empresa.
A feira reúne, até a sexta (4), 404 expositores e 160 delegações estrangeiras. Na sua abertura, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, disse que o setor tem à sua disposição R$ 80 bilhões em linhas de crédito a juro baixo, de 4% ao ano.
O setor de defesa emprega 2,9 milhões de pessoas, direta e indiretamente, e responde por 3,58% do PIB brasileiro, segundo o ministro José Múcio Monteiro (Defesa). Ele tentou imprimir um tom pacifista ao evento: “Espero que nunca precisemos usar” as armas ali vendidas, disse.
Outras autoridades presentes também enalteceram a ideia de reforço do poder de fogo do Estado ante a criminalidade. Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o crime organizado está se equipando com alta tecnologia, dominando “algoritmos e inteligência artificial”.
Já o governador fluminense, Cláudio Castro (PL), cobrou mais ação militar nas fronteiras. Disse que suas polícias apreenderam 732 fuzis num universo de 45 mil armas em 2024, e que 90% desses armamentos mais pesados vieram dos EUA por meio de países vizinhos.