SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As ações do Banco de Brasília (BRB) estão em disparada pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira (1º), ainda embaladas pela notícia de que a instituição comprou o Banco Master.
Por volta das 14h30, os papéis subiam 20,38% em relação ao fechamento do dia anterior, cotados a R$ 15,65. O Ibovespa, no mesmo horário, tinha alta de 1,06%, a 131.635 pontos.
Na véspera, as ações já haviam subido 90,34%, a R$ 13 cada.
O anúncio da aquisição de 58% das ações do Master pelo BRB foi realizado na sexta-feira (28) por meio de fato relevante ao mercado e surpreendeu o sistema bancário brasileiro, sobretudo os grandes bancos, que vinham criticando as operações do Master com CDBs conduzidos pelo seu dono, Daniel Vorcaro.
O BRB tem uma capitalização de mercado de R$ 6,48 bilhões. O valor exato do acordo não foi revelado, mas, segundo o BRB, o preço de aquisição será equivalente a 75% do patrimônio líquido consolidado do Banco Master.
O Banco de Brasília é controlado pelo governo do Distrito Federal, dono de 65,63% da instituição. Outros 15,07% são de propriedade da Iprev/DF (Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal), também ligado ao governo, e o restante (19,30%) é negociado em Bolsa.
A operação ainda está sujeita à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e o BC (Banco Central) tem até 360 dias para decidir sobre o pedido de autorização do novo arranjo societário do BRB.
Após a notícia, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, se reuniu com o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, na segunda-feira. Os diretores de Fiscalização, Ailton Aquino, e de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Gomes, também participaram do encontro.
Antes, Galípolo se reuniu pela manhã com o chairman e sócio sênior do Banco BTG Pactual, André Esteves, na sede do BC. O encontro foi incluído na agenda no domingo à noite, assim como o do presidente do BRB.
Ainda que o tema da reunião não tenha sido divulgado, a Folha informou que o BTG Pactual pode entrar na transação de venda de ativos do Banco Master. As negociações envolvem a carteira de precatórios (títulos públicos judiciais) da instituição, e todas as alternativas estão na mesa de discussão com o BC inclusive a entrada do BTG no negócio.
De acordo com relato obtido pela reportagem, Esteves vinha negociando com o dono do Master, Daniel Vorcaro, uma proposta que envolvia o uso do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para cobrir problemas de lastro que pudessem aparecer nas operações de risco do Master e o pagamento de cerca de R$ 3 bilhões pela carteira de precatórios.