SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A junta militar de Mianmar anunciou nesta segunda (31) que o número de mortos no terremoto de magnitude 7,7 que devastou o país chegou a 2.056. O país do Sudeste Asiático está sob controle militar desde o golpe de Estado de 2021.

Um porta-voz do regime afirmou que 3.900 ficaram feridos, e 270 estão desaparecidos após o tremor na sexta (28), que também atingiu a Tailândia.

Já o opositor Governo de Unidade Nacional, que inclui remanescentes do governo deposto em 2021, fala em 2.418 mortos. A Reuters não pôde confirmar esses números. O acesso da mídia foi restrito no país desde que a junta assumiu o poder. O chefe do regime, general Min Aung Hlaing, alertou, porém, que o número de vítimas poderia aumentar.

O abalo deixou um cenário de devastação na região —um prédio em construção colapsou na capital tailandesa, Bancoc, e uma ponte de mais de 90 anos desabou na região mianmarense de Mandalay, no centro da nação.

Sobreviventes foram retirados dos escombros em Mianmar, e sinais de vida foram detectados nas ruínas de um arranha-céu em Bancoc nesta segunda, à medida que os esforços se intensificavam para encontrar pessoas presas.

Os socorristas libertaram quatro pessoas, incluindo uma grávida, e uma menina, de prédios desmoronados em Mandalay, a cidade mianmarense mais próxima do epicentro do terremoto, disse a agência chinesa de notícias Xinhua.

Trabalhadores de resgate chineses carregaram um sobrevivente envolto em cobertor térmico metálico por escombros de concreto e metal retorcido em um edifício residencial em Mandalay, segundo a emissora estatal CCTV.

Imagens aéreas da cidade revelaram um enorme prédio de vários andares esmagado em camadas de concreto, mas alguns templos dourados ainda permaneciam de pé.

A guerra civil em Mianmar, porém, não parou, o que complica os esforços para alcançar os feridos e desabrigados. A região mais atingida pelo terremoto não é controlada integralmente pela junta e vive sob disputa de facções rebeldes.

“O acesso a todas as vítimas é um problema dada a situação de conflito. Existem questões de segurança para acessar algumas áreas através das linhas de frente em particular”, disse Arnaud de Baecque, representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Mianmar.

Um grupo rebelde disse que o Exército de Mianmar ainda estava realizando ataques aéreos em aldeias após o terremoto. O ministro das Relações Exteriores de Singapura pediu um cessar-fogo imediato para ajudar nos esforços de socorro.

Na capital tailandesa, socorristas retiraram mais um corpo dos escombros de um arranha-céu em construção que desabou no terremoto, elevando o número de mortos do prédio para 12. Com isso, o total de mortos na Tailândia subiu para 19. Ainda há 75 desaparecidos no local da construção.

Máquinas de escaneamento e cães farejadores estão no local. Tavida Kamolvej, vice-governadora da região administrativa de Bancoc, disse que os socorristas trabalham com urgência para acessar a área onde sinais de vida foram detectados três dias após o terremoto. As chances de sobrevivência diminuem após 72 horas, ela disse.

Em Mianmar, o regime declarou um período de luto de uma semana a partir desta segunda.

Trabalhadores de resgate, cães farejadores, paramédicos e ajuda financeira começaram a chegar a Mianmar para apoiar os esforços de resgate e recuperação do país após o terremoto.

A China foi um dos primeiros a contribuir ao enviar US$ 13,9 milhões (cerca de R$ 80 milhões) em ajuda de emergência, incluindo tendas e kits de primeiros socorros. A Índia enviou equipe de busca e resgate e aeronaves com materiais essenciais.

Os Estados Unidos prometeram US$ 2 milhões (R$ 11,5 milhões) em auxílio humanitário, enquanto o Vietnã enviou mais de cem socorristas e US$ 300 mil (R$ 1,7 milhão) em assistência. Outros países, como Coreia do Sul, Tailândia, Rússia, Japão, Singapura, Malásia, Indonésia, Nova Zelândia e Filipinas, também contribuíram com ajuda financeira, equipes de resgate, materiais médicos e apoio logístico.