PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – A França vai “fazer o possível para ajudar a fazer [da COP 30] de Belém um grande sucesso”, segundo o ex-primeiro-ministro francês Laurent Fabius. Ele tratou do assunto nesta segunda (31) em café da manhã em Paris com o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad.
Fabius, 78, tem interesse especial pela questão. Em 2015, ele presidiu a COP21, quando 196 países assinaram o Acordo de Paris, prevendo metas de redução das emissões responsáveis pelo aquecimento global. Essas metas não vêm sendo cumpridas. Para piorar, o presidente Donald Trump anunciou em janeiro a retirada dos EUA do acordo.
O ex-chefe de governo francês disse à Folha que discutiu o assunto na semana passada com o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, durante rápida passagem do diplomata brasileiro por Paris.
“Eu disse a André do Lago, como disse hoje a Haddad, que esperamos muito de Belém. Temos uma situação paradoxal, pois é um momento em que os danos causados pelo aquecimento global estão maiores. Temos a sensação de que em certos países, estou pensando nos EUA, por exemplo, há um retrocesso. E é exatamente o contrário: precisamos avançar”, afirmou Fabius.
Sobre os problemas de logística enfrentados por Belém, por não dispor da infraestrutura hoteleira necessária para um evento do porte da COP, Fabius ofereceu a ajuda francesa. “Tenho certeza de que qualquer coisa que possa ser útil para o Brasil será apoiada pela França”, afirmou.
Fabius comentou ainda a guerra tarifária global desencadeada por Trump desde que tomou posse, em janeiro. “Em muitos pontos, [Brasil e França] temos posições comuns. É muito importante, como discuti novamente com Haddad, defender o multilateralismo, absolutamente essencial se não quisermos aumentar o número de conflitos de todos os tipos. Como defensores do multilateralismo, Brasil e França têm posições convergentes e até mesmo comuns.”
Laurent Fabius foi primeiro-ministro da França de 1984 a 1986, no primeiro mandato de François Mitterrand na presidência. Até o início deste ano, era presidente do Conselho Constitucional da França, uma espécie de supremo tribunal francês, ainda que bem diferente do similar brasileiro o controle de constitucionalidade das leis, por exemplo, é feito antes que entrem em vigor.
Haddad está em Paris para uma conferência na faculdade de ciência política Sciences Po, um encontro com o ministro das Finanças francês, Éric Lombard, e um almoço com empresários franceses. O café da manhã com Fabius foi na residência do embaixador do Brasil, Ricardo Neiva Tavares, onde o ministro está hospedado.