SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cocriador da minissérie “Adolescência”, Jack Thorne, afirmou que são “absurdas” as afirmações de que a produção teria mudado a cor da pele do personagem principal, que, segundo alegações que se espalharam pela internet, teria sido inspirado num caso real de um adolescente negro.

Um dos posts que espalharam o rumor chamou a série de “propaganda anti-brancos” e recebeu um comentário de Elon Musk, surpreso com a suposta revelação.

“Não estamos falando sobre raça [na série]”, disse Thorne no podcast The News Agents. “Estamos falando sobre masculinidade. Tentando entender um problema. Não estamos dizendo que é uma coisa ou outra. Estamos dizendo que isso é sobre meninos.”

“Adolescência” não é baseado em uma história real, mas em várias. Em entrevista para o jornal britânico The Guardian, Stephen Graham, que estrela e é um dos criadores do seriado, disse que pensou no argumento ao ver uma série de notícias sobre jovens garotos esfaqueando meninas na Inglaterra.

“A gente achava que ela iria provocar um pequeno debate no Reino Unido sobre essa questão, mas é simplesmente impressionante o que está acontecendo”, diz Philip Barantini, diretor da série, à Folha.

Ao longo de seus quatro episódios, “Adolescência” mostra que a violência não precisa de ambientes disfuncionais para germinar. Jamie cresceu num lar banal em muitos aspectos. O pai é um homem pacato, encanador, ainda que tenha seus rompantes de raiva. A mãe, vivida por Christine Tremarco, aparece também como uma figura zelosa e presente.

“Nosso desejo era mostrar os efeitos que isso tem em uma família considerada normal”, diz o diretor. É por esse motivo que a narrativa é centrada no entorno do assassino, e não na vítima e em seus familiares. “Queríamos que o espectador sentisse que essa situação poderia acontecer com qualquer um, inclusive com ele mesmo.”