SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – João Klauss passou pela base do Grêmio, mas foi fora do Brasil que o atacante construiu toda a sua carreira. Um ano antes de Messi chegar à MLS, ele já estava lá e foi um dos “fundadores” do St. Louis City.
Klauss desembarcou nos EUA em 2022, meses antes do seu clube, o St. Louis City, fazer o primeiro jogo de sua história na MLS. O brasileiro, um dos primeiros reforços do time, acompanhou passo a passo do desenvolvimento da equipe.
“Eu cheguei seis meses antes de o clube começar na MLS, acompanhei todo o processo. É diferente chegar e treinar por seis meses sem jogos. Eles já tinham o segundo time, então jogávamos com eles. Foi uma experiência diferente e muito legal, ver um clube surgir do zero, quase 30 jogadores novos, o CT ainda sem estar pronto. Fui um dos primeiros a usar o CT, estádio, vestiário”, disse João Klauss, ao UOL.
O sucesso foi imediato. O St. Louis City decolou no primeiro ano e chegou até às oitavas de final, com Klauss como protagonista. Foi durante este processo que Messi desembarcou nos EUA para jogar no Inter Miami. O brasileiro ficou em segundo na lista de camisas mais vendidas da liga, atrás apenas do argentino.
A chegada de Messi fez o reconhecimento da MLS crescer. Para quem vê de dentro, como Klauss, este é um processo gradual. O brasileiro avalia que “as pessoas não entendem” o nível da competitividade que o torneio já tem e que o profissionalismo tem aumentado após a chegada do argentino.
“É uma liga interessante e que cresce muito. Não é como antigamente, que tinha restrições. Se profissionalizou muito, vem crescendo a cada ano e é muito competitiva. Acredito que é um processo que leva tempo. A liga já está em uma competitividade que as pessoas não entendem. As pessoas, por não acompanharem, não sabem como está”, relatou Klauss
Que ainda continuou. “Foi um grande acerto da liga [chegada de Messi]. Igual a liga saudita, que levou o Cristiano Ronaldo e tem o reconhecimento e jogadores que vão. O nome do Messi fez a MLS ser mais reconhecida e chamou a atenção de muitos jogadores. Mais jogadores têm preferido vir para cá do que para a Europa. Cria competitividade, profissionalismo dentro da liga e os próprios jogadores locais passaram a entender a profissionalização e o processo que tem de ser feito”.
Da base do Grêmio para o mundo
Klauss nasceu em Criciúma (SC), mas pouco jogou em solo brasileiro. Apesar de passar pela base de Grêmio e São José, foi na Europa que ele se profissionalizou, atuando pelo time B do Hoffenheim, da Alemanha.
“A gente chega num funil na base e aí surgiu a chance de ir para o Hoffenheim por ter passaporte italiano. Aceitei o desafio, me mudei sozinho, minha família sempre apoiou e tentei coisas novas. A Alemanha é uma liga que muita gente sonha, era um objetivo meu e resolvi ir para o caminho diferente”, disse.
O atacante rodou em mercados alternativos da Europa. HJK (Finlândia), LASK (Áustria), Standard Liége (Bélgica) e St. Truiden (Bélgica) foram os clubes pelos quais ele passou.
Longe do Brasil há anos, Klauss ainda acompanha o time do coração. Gremista fanático, ele aproveita o tempo livre para ver os jogos e viaja de volta ao solo brasileiro sempre que pode.
“Acompanho muito o meu time [Grêmio], sou torcedor doente. Tenho casa no Brasil com a minha esposa, vamos de férias com a família, que vive em solo brasileiro. Tenho um amor enorme pelo Brasil. Apesar de ter passado por muitos países e culturas diferentes, com todos os problemas que o Brasil tem, nunca vi um país melhor que o nosso”, completou.
A oportunidade de voltar para jogar no Brasil ainda não veio. Contatos já aconteceram, mas nunca uma oferta oficial. As portas estão abertas.
“Eu nunca tive oferta oficial, tive conversas com diretores que ligaram querendo saber da situação, sempre deixo as portas abertas. A qualidade da liga é uma das melhores do mundo. Vamos ver o que o futuro reserva”, comentou.
O que mais ele disse?
EUA sedia eventos esportivos grandes: “Isso é algo que é falado o tempo inteiro, as pessoas estão ansiosas, estávamos esperando as escolhas dos estádios [Mundial e Copa do Mundo], onde seria cada evento. Há uma mobilização muito grande. Ter a Copa do Mundo aqui chama a atenção de muitas pessoas. Elas crescem jogando futebol americano, basquete, beisebol, então com a visibilidade do Messi, de ter a Copa, isso chama a atenção”.
Calendário e rotina na MLS: “O calendário é mais leve que o brasileiro, mas é um país muito grande. A recuperação é mais difícil por perder uma noite inteira de sono viajando, isso dificulta muito. Aqui, no entanto, jogamos uma vez por semana, com exceção quando tem jogo de Concachampions ou da copa”.
Estilo de jogo: “Eu sou um 9 diferente, não sou o que fica dentro da área parado, o clássico. Sou um cara que gosta de sair da área, que sabe jogar com qualidade com a bola no pé, abro espaços. Sou um cara que me mexo mais que o 9 normal”.