SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de registros de estupro no estado de São Paulo chegou a 1.201 em fevereiro deste ano, recorde para o mês na série histórica, que começa em 2001, e também maior índice desde 2018, quando o crime passou a ser investigado por ação pública incondicional, que independe da vontade da vítima.

Já os crimes de feminicídio, que foram separados dos homicídios em 2018, tiveram queda. Foram 20 casos no estado em fevereiro, ante 27 no mesmo mês de 2024. No acumulado, foram 42 vítimas nos primeiros dois meses deste ano, com queda de 19,2% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Na comparação de fevereiro de 2025 com 2024, o número de registros deste ano, 1.201, teve um salto de 20,7% sobre os 995 casos do ano passado. No acumulado de 2025, foram 2.487 ocorrências contabilizadas, 13,5% a mais do que os 2.191 dos dois primeiros meses de 2024.

Historicamente, denúncias de estupro e de outros crimes sexuais sofrem com subnotificação. Ou seja, o número real de vítimas pode ser maior. A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que tem investido em políticas de prevenção e conscientização, com incentivo à denúncia, e também na capacitação dos profissionais que atendem mulheres vítimas de violência.

Ao todo, em 2024 houve 14.579 registros de estupro e 253 feminicídios.

O governo admite que a queda nos feminicídios é tímida, mas avalia como bom resultado a redução de vítimas. Para enfrentar a subnotificação ou a falta de ambientes seguros, o governo aponta ações como o atendimento da Cabine Lilás, feito por policiais preparadas para atender mulheres que acionam o 190, e a criação da Sala Lilás do Instituto Médico Legal, com equipes especializadas em violência contra a mulher para a realização dos exames de corpo de Diz, ainda, que tem o maior número de delegacias da mulher do mundo. São 141 unidades no estado. Cita também as salas DDMs 24 horas –atualmente, 162 em SP–, instaladas em plantões policiais, as delegacias da mulher online e o aplicativo SP Mulher, que permite o registro de ocorrência de forma virtual.

As delegacias da mulher fizeram 10,6 mil prisões e instauraram 98 mil inquéritos em 2024, afirma a gestão Tarcísio.

Recordes de violência contra a mulher em 2024

No ano passado, o estado também registrou o maior número de boletins de ocorrência em uma série de crimes contra a mulher: lesão corporal, maus tratos, ameaças, invasão de domicílio, dano, constrangimento ilegal, calúnia, difamação e injúria.

Para além do trabalho policial, especialistas apontaram que a violência contra a mulher está ligada a problemas como a desigualdade de gênero e a falta de políticas que apoiem mulheres para a denúncia de crimes e para a vida depois da denúncia, embora o país tenha avançado em leis que protegem as mulheres.