SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta sexta-feira (28), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas enviou aos seus 11 mil membros uma carta com um pedido de desculpas pelo seu posicionamento anterior em relação à prisão do codiretor palestino Hamdan Ballal, de “Sem Chão”, vencedor do Oscar de melhor documentário.
Ballal foi detido por colonos israelenses no começo desta semana na Cisjordânia. Ele teria sido agredido, vendado e em seguida levado a uma base do exército israelense. Ele sofreu ferimentos na cabeça e no estômago, e foi amarrado com zíper e vendado, de acordo com o codiretor Yuval Abraham, antes de ser liberado no dia seguinte. “Sinto dores em todas as partes do meu corpo”, disse o diretor em entrevista à rede de TV americana ABC News.
Na quarta-feira, dia seguinte à libertação de Ballal, a Academia divulgou uma nota condenando ações que “prejudicam artistas”, sem citar nomes. Na manhã seguinte, começou a circular uma carta assinada por quase 700 membros da instituição -incluindo grandes nomes como Mark Ruffalo, a diretora Ava DuVernay e o diretor Alfonso Cuarón- condenando a “falha de liderança” da Academia em defender Ballal publicamente.
A carta aberta alegou que a Academia mostrou uma “falta de apoio” a Ballal. “Não é apenas um ataque a um cineasta -é um ataque a todos aqueles que ousam testemunhar e contar verdades inconvenientes. Continuaremos a vigiar esta equipe de filmagem. Ganhar um Oscar colocou suas vidas em perigo crescente, e não mediremos palavras quando a segurança de colegas artistas estiver em jogo”, afirma a carta.
“Na quarta-feira, enviamos uma carta em resposta a relatos de violência contra o vencedor do Oscar Hamdan Ballal, codiretor de ‘Sem Chão’. Lamentamos não termos reconhecido diretamente o sr. Ballal e o filme pelo nome. Pedimos sinceras desculpas ao sr. Ballal e a todos os artistas que não se sentiram apoiados por nossa declaração anterior. A Academia condena a violência desse tipo em qualquer lugar do mundo. Abominamos a supressão da liberdade de expressão em quaisquer circunstâncias”, declarou Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.