SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Incorporadoras devem salivar com a fartura de quadras com casas térreas e sobrados que marca boa parte das ruas do Carrão, distrito da zona leste vizinho ao Tatuapé; e com a perspectiva de a população local finalmente ter acesso a transporte de massa com as estreias das futuras estações da expansão da linha verde do Metrô, algo previsto para 2027 ou além.

Mais do que mudar o coeficiente hoje nulo de acesso a metrô e trem do distrito -a estação Carrão da linha vermelha fica ironicamente no Tatuapé-, o que faz de fato crescer os olhos dos players imobiliários é o potencial construtivo ampliado que vem de brinde com os novos trilhos.

A construtora e incorporadora Diálogo, de marcada atuação na ZL, se prepara com artilharia pesada. Dois grandes terrenos, um deles de 6.500 m2 a passos da futura estação Guilherme Giorgi, deverão virar condomínios com mais de 500 apartamentos, algo inédito para a atuação da empresa na região, cuja demanda, segundo Guilherme Nahas, sócio-diretor, estava “reprimidíssima”.

“É um retorno da Diálogo a esse lugar que representou o início de tudo para a gente na zona leste”, diz Nahas. Os lançamentos terão múltiplas tipologias -até 212 m2-, estrutura de lazer e valor de metro quadrado na casa dos R$ 13 mil.

Para a startup imobiliária Loft, o valor médio apurado nas transações de apartamentos de 140 m2 ou mais no distrito foi de R$ 787.012 entre agosto de 2024 e janeiro último. Um valor cerca de 50% maior do que o do mesmo produto na Vila Prudente.

A Diálogo e seu controlador tratam o Carrão quase como uma Cocanha, um lugar idílico, um “bairro dos sonhos”, de “clima de interior”, “ruas largas” e “vistas panorâmicas”.

Não se sabe se as famílias japonesas de Okinawa, que se estabeleceram por lá na primeira metade do século 20, tinham a mesma impressão de idílio de Nahas, mas do Carrão não arredaram pé, deixando marcas como a Associação Okinawa, fundada ainda em 1956 e promotora de um festival anual de cultura, o Okinawa Festival.

Restaurantes japoneses e izakayas como era de se esperar também surgiram, como o Shima, de Luiz Kanashiro, o Tio Lu, figura popular do bairro.

O distrito tem opções públicas de lazer um tanto tímidas e apartadas, como o Centro Esportivo Vila Manchester e, já na Anália Franco, o Ceret. E no aspecto de curiosidades bizarras, há os nomes extravagantes de algumas ruas da região, casos de Xiririca, Piramboia, Jericino, Engenheiro Pegado.

Não se tem certeza se essas denominações também representam um ativo para o mercado imobiliário.