Walison Veríssimo

Com o objetivo de ampliar a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Goiás nas eleições de 2026, lideranças petistas voltaram a discutir internamente a possibilidade de formar uma aliança inédita com o ex-governador Marconi Perillo, atual presidente nacional do PSDB. A articulação esteve na pauta tanto da cúpula do PT como da tucana em 2022 mas ambos acabaram caminhando em lados opostos. Agora, o debate parece ter sido retomado, de acordo com a coluna Giro do Jornal O Popular.

A coluna apurou que, embora não haja consenso dentro do PT goiano, o assunto tem sido tratado com sigilo por dirigentes e parlamentares próximos ao núcleo da articulação nacional. Um eventual apoio de Marconi à reeleição de Lula seria a condição fundamental para que o PT entrasse em campo para apoiá-lo na disputa pelo governo de Goiás.

Por ora, pessoas próximas ao tucano afirmam que ele só deve se debruçar sobre a agenda eleitoral estadual após uma definição sobre o futuro do PSDB, que discute internamente fusões ou federações com partidos como Podemos e Republicanos. Ainda assim, um aliado pondera que a aliança com o PT seria “muito difícil”. “Sempre fomos oposição ao governo petista”, disse, sob reserva.

Apesar das resistências históricas, há quem veja margem para uma reaproximação. Um integrante do PT ouvido pela reportagem acredita que, caso Marconi tivesse se aliado ao partido em 2022, teria vencido a disputa para o Senado. Curiosamente, esse diagnóstico é compartilhado por alguns tucanos que revisitam os números da última eleição.

No entorno de Marconi, também há quem defenda uma candidatura ao governo de Goiás com perfil de centro-direita, mas dissociada do bolsonarismo. A leitura é de que o ex-governador poderia se consolidar como alternativa viável para o eleitorado conservador que rejeita tanto o PT quanto o atual governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Nos bastidores, o debate sobre uma possível reaproximação entre Marconi e o PT também está conectado a outro movimento estratégico: a tentativa do vice-governador Daniel Vilela (MDB) de atrair o PL para seu campo de alianças. As costuras têm provocado reações dentro e fora do governo estadual e reconfigurado o xadrez político goiano.