SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um forte terremoto de magnitude 7,7 com epicentro em Mianmar , no Sudeste Asiático, atingiu nesta sexta-feira (28) também a vizinha Tailândia, deixando vários mortos. Um prédio em construção desabou na capital tailandesa, Bancoc, assim como edifícios ruíram em cidades birmanesas, com dano maior em Mandalay, segunda maior cidade de Mianmar.

O número de mortos ainda é incerto, e novas atualizações aumentam a cifra rapidamente. De acordo com o jornal americano The New York Times, um médico do Hospital Geral de Mandalay afirmou que pelo menos 20 pessoas morreram e 300 ficaram feridas.

Já na Tailândia, o terremoto matou ao menos três pessoas, de acordo com o governador da capital, Chadchart Sittipunt —segundo o Instituto Nacional de Medicina de Emergência do país, uma estava no arranha-céu que desabou e onde dezenas de trabalhadores foram resgatados. Uma autoridade afirmou ao New York Times que 70 pessoas ainda estavam desaparecidas no local.

“Quando cheguei para inspecionar o local, ouvi pessoas pedindo ajuda”, declarou à agência de notícias AFP Worapat Sukthai, vice-comandante da polícia do distrito. O policial disse que acredita que há “centenas de feridos”, mas que as autoridades ainda estão determinando o número de vítimas.

A cidade foi declarada uma “área de emergência” pelo primeiro-ministro Paetongtarn Shinawatra, que pediu aos moradores que esvaziassem edifícios altos; em Mianmar, as autoridades declararam estado de emergência em seis regiões —o país é regido por uma junta militar desde 2021, quando o país foi palco de um golpe de Estado.

O terremoto ocorreu na hora do almoço, às 12:50 locais (3h20 da manhã de Brasília, que está 9h30 atrasada em relação à região). Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o evento de magnitude 7,7 ocorreu a uma profundidade de 10 km, seguido 11 minutos depois por uma forte réplica de 6,4 e por outras mais moderadas. Quanto mais próximo for o sismo da superfície terrestre, maior será o estrago —tremores a até 70 km de profundidade costumam ser considerados superficiais.

O epicentro foi a 17 km de Mandalay, cidade de cerca de 1,5 milhão de pessoas que é a antiga capital real de Mianmar e um importante centro para o budismo. Mas o sismo foi sentido em locais tão distantes quanto Bancoc, a mais de 1.000 km de distância, e, segundo a agência de notícias Xinhua, Yunnan, província no sudoeste da China, onde não há relatos de vítimas.

Na capital tailandesa, turistas correram em roupões e trajes de banho em pânico enquanto caía água de uma piscina no topo de um hotel de luxo, segundo testemunhas —cena que rapidamente se espalhou nas redes sociais.

Diversos relatos indicam que o número de mortos pode aumentar ao longo do dia. Um morador de Mandalay, em Mianmar, por exemplo, afirmou à Reuters ter visto o desabamento de um prédio de cinco andares; outro disse à agência de notícias que uma casa de chá desabou com várias pessoas presas dentro.

Já em Taungu, no mesmo país, três pessoas teriam morrido após o desabamento parcial de uma mesquita, segundo testemunhas. Em Aung Ban, um hotel desabou em ruínas, o que teria matado duas pessoas, segundo o veículo local Voz Democrática de Burma. Além disso, algumas partes do teto cederam e as paredes sofreram rachaduras no Museu Nacional de Naipidau, capital birmanesa.

Terremotos em Mianmar são relativamente frequentes —entre 1930 e 1956, seis tremores com magnitude igual ou maior a 7 foram registrados na falha de Sagaing, que percorre o centro do país, segundo o Serviço Geológico americano.

Apesar disso, a nação não está preparada para esse tipo de evento —o ritmo vertiginoso de desenvolvimento das cidades birmanesas, combinado com infraestruturas precárias e um planejamento urbanístico deficiente, tornam o país vulnerável a terremotos e outros desastres. O sistema de saúde está saturado, em particular nas zonas rurais.

A magnitude da destruição fez um porta-voz militar de Mianmar, o general Zaw Min Tun pedir ajuda humanitária da comunidade internacional. “Cooperaremos com eles para garantir o melhor atendimento às vítimas”, afirmou, em um raro apelo da junta por ajuda de outros países, o que revela a gravidade da situação.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o bloco está pronto para oferecer ajuda de emergência aos países afetados. “Os satélites europeus Copernicus já estão ajudando os socorristas. Estamos prontos para fornecer mais apoio”, escreveu ela na rede social X. A Organização Mundial da Saúde, por sua vez, disse que está estudando enviar suprimentos para traumas a Mianmar.