SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Manifestantes e estudantes do DCE da USP, entidade de representação estudantil da universidade, entraram em conflito com a Força Tática da Polícia Militar na manhã desta quinta (27) na região central de São Paulo.

Os estudantes haviam ocupado, com tendas e barracas, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, na rua Boa Vista, para protestar contra o leilão das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Eles afirmam prestar apoio aos familiares e amigos dos ferroviários.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, por volta das 13h, houve uma tentativa de invasão no prédio. A polícia interveio e três pessoas foram detidas.

O grupo então seguiu pela Rua Florêncio de Abreu em direção à praça da República. A rua Boa Vista foi liberada, afirma a pasta da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A Polícia Militar diz analisar as imagens da manifestação e, caso sejam constatadas irregularidades, as devidas providências serão adotadas. A instituição acrescenta que não compactua com desvios de conduta e todos os excessos são punidos com rigor.

Pelos vídeos do confronto, é possível ver que escudos, cassetetes e gás lacrimogêneo foram usados contra os manifestantes. Segundo a conta do DCE no Instagram, o presidente e outros diretores da agremiação foram “brutalmente agredidos pela polícia militar de Tarcísio”.

Em nota, o DCE diz que condena qualquer repressão vinda do Governo Tarcísio de Freitas aos movimentos sociais, “crescente e truculenta” e reclama que a manifestação é um direito.

“Vemos uma piora constante na qualidade do transporte público e um aumento sequencial nas tarifas. As linhas privatizadas são campeãs em falhas, colocando em risco os usuários, prejudicando a mobilidade da maior cidade do país, além de pôr em risco milhares de empregos”, disse.

A entidade afirma que resiste a qualquer privatização para garantir também a permanência na universidade.

Também em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil repudiou o desfecho violento da manifestação.

“Embora não tenha participado do ato, a entidade reafirma sua posição contrária à privatização de serviços essenciais de transporte público, defendendo um modelo que priorize a qualidade do serviço, a segurança dos trabalhadores e o direito da população a um transporte digno”, diz trecho da nota.

“A entidade reforça a necessidade de que as discussões sobre o futuro das linhas da CPTM sejam conduzidas com transparência, participação popular e respeito às demandas dos trabalhadores e usuários. Acreditamos que a privatização não é a solução para os desafios do transporte metropolitano e alertamos para os riscos de precarização e aumento de tarifas”, afirma outro trecho do texto.

O governo realizará na sexta (28) o leilão do Lote Alto Tietê, que contempla a concessão patrocinada das linhas 11-coral, 12-safira e 13-jade de trens.

Na última terça (25), o sindicato dos ferroviários aprovou adiar uma greve prevista para o dia seguinte contra o leilão. Após audiência no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), a categoria aceitou que os funcionários usem preto como protesto contra a privatização das linhas e a formação de uma comissão para debater o tema.

Os trabalhadores aprovaram ainda a realização de um protesto no mesmo dia em frente a sede da Bolsa de Valores (B3) no centro de São Paulo. O leilão vai acontecer no local.