SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O juiz federal dos Estados Unidos James Boasberg afirmou durante audiência nesta quinta-feira (27) que emitirá uma ordem de restrição temporária proibindo a destruição das mensagens com segredos militares vazadas a um jornalista da revista The Atlantic. No conteúdo, funcionários de alto escalão do governo de Donald Trump discutiram detalhes sensíveis sobre planos de um ataque militar dos EUA contra rebeldes houthis, no Iêmen.

Na conversa privada, em que o jornalista foi incluído acidentalmente, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, forneceu os horários exatos do lançamento dos aviões de guerra e de quando as bombas seriam lançadas, antes do início dos ataques contra os houthis, no início deste mês. Todas as mensagens trocadas entre os dias 11 e 15 de março devem ser preservadas, segundo o juiz.

A organização sem fins lucrativos de vigilância American Oversight moveu um processo para preservar os textos enviados pelo aplicativo de mensagens criptografadas Signal. A ação acusa vários altos funcionários do governo envolvidos na conversa no Signal de violarem a Lei de Registros Federais e a Lei de Procedimentos Administrativos ao conduzirem assuntos oficiais por meio de uma plataforma projetada para apagar comunicações.

A Atlantic publicou mais detalhes da conversa nesta quarta-feira (26), após seu editor-chefe, Jeffrey Goldberg, ter sido adicionado ao grupo, que incluía o secretário de Defesa, o assessor de segurança nacional, o secretário de Estado, o vice-presidente e a diretora de Inteligência Nacional.

O juiz Boasberg tem sido atacado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, por bloquear temporariamente a deportação de imigrantes venezuelanos pelo governo com base em uma lei de guerra do século 18.

Apesar do bloqueio, 238 venezuelanos, além de salvadorenhos, foram levados para a prisão de segurança máxima Cecot, em El Salvador. Autoridades do governo americano alegaram que a ordem foi emitida quando os aviões já estavam no ar, e que não seria possível fazê-los retornar.