O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), indicou que não pretende seguir o roteiro da ala mais radical da direita brasileira em uma eventual candidatura à Presidência da República. Em entrevista, o goiano afirmou que não trabalhará pelo impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes, caso venha a ocupar o Palácio do Planalto. As declarações foram feitas durante entrevista ao portal Metrópoles.
A declaração representa um claro contraste com a posição da família Bolsonaro e de parte significativa do eleitorado bolsonarista, que têm adotado tom cada vez mais duro contra o STF. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro condiciona seu apoio em 2026 a candidatos que assumam compromisso com o afastamento de ministros da Corte.
“Se continuarmos alimentando isso, a quem interessa?”, questionou Caiado. Para ele, o Brasil está preso em um ciclo estéril de disputas políticas que não se traduzem em soluções concretas para os problemas da população. “Faz dois anos e quatro meses que o atual governo não governa. Só se fala de 8 de Janeiro, e agora a oposição só fala em caçar ministro. Isso é governar o país?”, criticou.
Além de marcar distância do discurso bolsonarista, Caiado também fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, o governo atual tem se apoiado excessivamente na narrativa sobre os ataques de 8 de janeiro para fugir do debate sobre resultados concretos da gestão.
“O que esse governo entregou em dois anos e três meses, além de alimentar a polarização? O Brasil vive à sombra dos outros países do Brics, sem protagonismo, e ainda preso ao debate sobre o 8 de Janeiro”, afirmou o governador, que se declarou favorável à anistia dos envolvidos, desde que não tenham cometido crimes graves.