RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Medalhista olímpica em Pequim-2008, a ex-velocista Rosangela Santos vai fazer parte da Secretaria de Esporte e Lazer do Município do Rio de Janeiro. Ela vai integrar uma comissão de gerência regional.

Ela foi uma das formandas da turma mais recente do Programa de Carreira do Atleta – Núcleo de Transição de Carreira do Comitê Olímpico do Brasil (COB). A cerimônia foi realizada nesta quarta-feira (26), no Centro de Treinamento do Time Brasil, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

“Ainda tinha muitas dúvidas quando iniciei esse processo, queria fazer muitas coisas. Mas, de fato, pude entender um pouco mais sobre mim, os valores que carrego. Então, decidi seguir na carreira de gestão esportiva. Aprendi que o atleta profissional não precisa ter uma carreira só, posso ter uma carreira mais aberta, ampla, dinâmica, heterogênea. nesta quinta-feira (27), saio dessa formatura já com um cargo”, afirma Rosangela.

O Rio de Janeiro está em candidatura conjunta com Niterói para ser sede dos Jogos Pan-Americanos de 2031 —Assunção, no Paraguai, é a rival nesta briga.

“Eu vou trabalhar para que a minha imagem seja muito positiva nessa campanha. Eu participei do Pan do Rio, fiz parte da equipe de atletismo. Era muito novinha, tinha 16 anos apenas. Com a minha experiência, tudo que posso agregar, tudo que trouxe do atletismo para os meus valores, acredito que vamos ter esse desafio, mas estamos preparados. O Rio sediou um Pan, Olimpíadas, Copa.. Saber evento, sabemos fazer.”

Rosangela, inclusive, conhece a realidade do esporte no Rio de Janeiro e é fruto de programas desenvolvidos nas vilas olímpicas da cidade.

“Sou parte desse desenvolvimento. Comecei no Miécimo da Silva [em Campo Grande], depois fui para a Vila de Padre Miguel, quando ela foi feita, por morar em Padre Miguel. Com o passar do tempo, treinei na Manoel Tubino, em Jacarepaguá. Então, Pan-Americano, Olimpíadas, participei treinando em uma Vila Olímpica. É possível que atletas sejam descobertos lá, então, estou com muitos projetos para que consigamos fazer das vilas olímpicas um celeiro”, afirma.

A velocista foi bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Ela integrou o revezamento 4 x 100m ao lado de Rosemar Coelho, Lucimar Moura e Thaissa Presti. A conquista veio nove anos após a prova, com o escândalo de doping da Rússia —então medalhista de ouro— que ocasionou mudanças no pódio. A Bélgica ficou com o ouro e a Nigéria com a prata.

As inscrições para a turma 2025 do programa do COB vão até o dia 7 de abril. Para pleitear uma vaga, é necessário ter participado, como atleta de, pelo menos, uma edição de Jogos ou uma edição de Campeonatos, na seguinte ordem de prioridade: Jogos Olímpicos; Jogos Pan-americanos; Jogos Sul-americanos; Campeonatos Mundiais; Campeonatos Pan-americanos ou Campeonatos Sul-americanos; todos da categoria adulta; das modalidades que compõem o Programa Olímpico Paris 2024, Milão-Cortina 2026 e Los Angeles 2028. Além disso, precisam ter parado de atuar nos anos 2023, 2024 e 2025 e/ou planejar tal mudança até 2027.

O QUE MAIS ROSANGELA FALOU?

Como foi esse processo para entender que era o momento de parar? “nesta quinta-feira (27), anunciar a minha aposentadoria não é difícil para mim porque venho me preparando há três anos junto à psicóloga. Os desafios mentais que enfrentei durante a minha carreira, o entender um pouco mais sobre saúde mental, consegui trabalhar com ela. É um processo que tem de trabalhar e espero que essa mensagem eu possa passar aos atletas: que pode, sim, começar a pensar em uma carreira só, começar a trabalhar esse processo mental para se aposentar no esporte, não sair do esporte. Então, esse processo não está sendo tão doloroso, como muita gente acredita que é ou vai ser. Estou muito bem resolvida com o que fiz e alcancei nesses 25 anos de atletismo. Tudo que realizei estou satisfeita, e saio muito feliz e contente. Meu próximo passo é poder trabalhar para o atletismo, desenvolver mais o atleta para que possamos ter mais atletas no nosso esporte”.

Participação no Programa de Carreira do Atleta – Núcleo de Transição de Carreira. “Ainda tinha muitas dúvidas quando iniciei esse processo. Mas, de fato, pude entender um pouco mais sobre mim, os valores que carrego. Então, decidi seguir na carreira de gestão esportiva. Já tinha feito faculdade [de gestão esportiva], e estou fazendo jornalismo, mas acho que pode ser um plus. Consigo ter, nesta quinta-feira (27), esse portfólio. Aprendi que o atleta profissional não precisa ter uma carreira só, posso ter uma carreira mais aberta, ampla, dinâmica, heterogênea. nesta quinta-feira (27), saio dessa formatura já com um cargo. Isso graças ao PCA, que pôde me trazer essa luz, essa motivação e conhecimento de habilidade e competências que achava que não tinha. O PCA foi crucial para entender a Rosangela e o que ela pode fazer fora das pistas. Às vezes, o atleta fica estagnado no ‘só sei treinar e competir, e o que vou fazer depois?’, e muitas vezes não toma essa decisão para outra carreira. Somos, sim, capazes de fazer muitas coisas. O esporte traz muita bagagem que só quem viveu no esporte sabe transformar, essa capacidade resiliente”.

Você falou que está cursando jornalismo… “Comecei o jornalismo aproveitando a bolsa que o PCA oferece. Como já tinha a de Gestão do Esporte, escolhi uma outra e fui para o jornalismo devido à experiência na CazéTV. nesta quinta-feira (27), estou no SporTV. Esse ano vou comentar algumas competições de atletismo e vai ser um desafio grande, mas, agora, mais tranquilo. A CazéTV me trouxe uma experiência e bagagem valiosa”.