FOLHAPRESS – O Jamie Oliver Kitchen chega a São Paulo com a proposta de reunir as “maiores receitas da carreira” do chef inglês. Mistura isso com influências recebidas em suas muitas viagens pelo mundo. E entrega uma miscelânea de opções no cardápio que vão de lasanha a moqueca.
Parte das receitas é conhecida de quem acompanha os livros e os programas de Jamie. Talvez para dar uma nova roupagem, ali recebem acompanhamentos pretensamente exóticos.
Não é o caso da ótima entrada de tataki de carne com gergelim (R$ 56), selado e servido com molho ponzu. Outra boa opção para começar são os croquetes crocantes de carne (R$ 36). Saborosos e macios por dentro, vêm acompanhados de chimichurri.
Mas os pratos principais escorregam nas combinações e em problemas de execução no cardápio de inauguração. O risoto de cogumelo definitivo (R$ 85) é um bom exemplo. Gorduroso e com ponto de cocção dos grãos passado, estava mais para um creme de cogumelos. Um despropositado toque oriental não ajuda. O tempurá de shimeji que vem em cima do risoto encharca, e o empanado vira uma papa. A esperada gema crua que compõe o prato chegou tristemente quebrada na primeira experiência. Em uma segunda visita, veio intacta, mas o prato mantinha as demais falhas.
Há uma parte de carnes no cardápio também. Todas servidas na desnecessária companhia
de um pedaço de abacaxi grelhado e glaceado. Um toque tropical para inglês ver que tende a sobrar no prato. Ao ancho (R$ 99) faltava sal, mas ele estava macio e no ponto pedido.
O clássico inglês fish and chips (R$ 79) poderia ser uma opção certeira, mas é só ok. Não veio sequinho como esperado, e as batatas se revelaram farinhentas por dentro. O purê de ervilhas tinha sabor e textura regulares.
O melhor pedido foi o papardelle com ragu (R$ 75). Que, aliás, podia se chamar ragu com papardelle, já que veio com muito mais carne do que massa. O que não teria sido um problema, já que estava saboroso e desmanchava prazerosamente na boca. O problema é que a massa estava cozida demais.
Já as sobremesas parecem mesmo ter saído dos livros de cozinha prática de Jamie. Nessas publicações, o chef simplifica ao máximo técnicas gastronômicas para que as receitas possam ser feitas por cozinheiros do dia a dia. O resultado é bom para um jantar em casa com os amigos, mas fica longe do que se espera de um restaurante famoso.
O lemon curd bar (R$ 39) estava pastoso em vez de cremoso. Doce demais, carecia de acidez. Melhor o custard de coco assado (R$ 38). Não muito doce e com raspas de limão, ele brinca com as texturas de uma bola de sorvete sobre um creme espesso e farofa doce.
Quem vai em busca de uma comida autoral encontra algo mais parecido com uma rede global (de 80 restaurantes). E Jamie Oliver se faz presente apenas nas páginas dos livros abertos na entrada na prática, a supervisão é do chef-executivo Lisandro Lauretti.
SOBREMESA INSTAGRAMÁVEL DECEPCIONA
A mousse de chocolate (R$ 35) do Jamie Oliver Kitchen estava gelatinosa e vinha com um caramelo de missô enjoativo. Decorada com uma folha de ouro em cima, parecia mais feita para ser postada nas redes sociais do que pensada ser degustada de verdade.
Jamie Oliver Kitchen
Avaliação Regular
Onde Av. Horácio Lafer, 61, Itaim Bibi, região oeste
Instagram @jamieoliverkitchensp