SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O grupo American Oversight, que fiscaliza as atividades do governo dos Estados Unidos, está processando integrantes da alta cúpula da gestão de Donald Trump devido ao vazamento de segredos militares em uma conversa compartilhada com um jornalista, aparentemente de forma acidental.
O conteúdo sigiloso foi exposto em um grupo do aplicativo de mensagens Signal, no qual o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, havia sido incluído. O jornalista teve acesso, de forma antecipada, a informações sobre ofensivas das forças americanas contra rebeldes houthis, que controlam parte do Iêmen e têm atacado embarcações no mar Vermelho em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza.
De acordo com a revista americana Newsweek, a ação do American Oversight acusa vários integrantes do governo Trump de violar a Lei de Registros Federais e a Lei de Procedimentos Administrativos ao conduzir assuntos do governo em uma plataforma configurada para apagar as mensagens. Esses registros devem ser preservados, segundo a organização.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, o diretor da CIA, John Ratcliffe, a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, estão entre os alvos do processo, que visa recuperar todos os registros perdidos e impedir o uso de aplicativos que permitem a exclusão de mensagens para assuntos oficiais do governo, ainda de acordo com a publicação.
“A divulgação de informações militares confidenciais em um bate-papo do grupo Signal, que incluía um jornalista, é um alerta para a responsabilidade do governo e, potencialmente, um crime”, escreveu em comunicado Chioma Chukwu, diretora-executiva interina do American Oversight.
Em texto publicado pela The Atlantic, o jornalista Goldberg, que estava no grupo do Signal, descreve um canal de comunicação inapropriado -e possivelmente ilegal- de autoridades do governo americano.
O texto enumera questões inapropriadas deste sistema: do vazamento de informações -se todos os perfis forem comprovadamente de quem demonstram ser- à possível violação da lei federal de registros -uma vez que o perfil de um dos integrantes usou configurações que excluiriam mensagens após um dia ou uma semana, o que pode configurar apagamento de registros.
Goldberg menciona o envolvimento de pelo menos 19 autoridades americanas: o vice-presidente, J. D. Vance; Steve Witkoff, enviado de Trump para o Oriente Médio; Susie Wiles, chefe de gabinete da Casa Branca; alguém identificado apenas como SM, que, pelo contexto, o editor entendeu ser Stephen Miller, conselheiro de segurança interna, entre outros.
Enquanto isso, Trump e o governo se mantiveram armados para minimizar o caso. A Casa Branca afirmou que “os democratas e sua mídia amiga” parecem ter esquecido das “ações bem-sucedidas” no Iêmen. O presidente disse que não há razão para que seus auxiliares peçam desculpas e se limitou a dizer que provavelmente o governo não usará mais o aplicativo de conversas em questão.