SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Centenas de civis morreram nesta terça-feira (25) após o Exército do Sudão bombardear um mercado na cidade de Tora, na região de Darfur, de acordo com uma entidade de advogados sudaneses chamada Emergency Lawyers.
“Os aviões de combate das Forças Armadas sudanesas perpetraram um horrível massacre com bombardeio indiscriminado no mercado de Tora, matando centenas de civis e ferindo gravemente dezenas”, afirmou a organização, que documenta violações de direitos humanos desde o início da guerra no país africanao, em abril de 2023.
Um porta-voz do Emergency Lawyers, que pediu para não ser identificado, afirmou à AFP que, devido ao grande número de cadáveres, não foi possível realizar uma contagem e nem identificar as vítimas. Devido ao corte das telecomunicações em Darfur, a agência não pôde verificar o balanço de vítimas de forma independente.
Desde abril de 2023, o Sudão está imerso em uma guerra entre os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, e o Exército regular do general Abdel Fattah al-Burhane.
A extensa região de Darfur tem sido palco de algumas das piores atrocidades da guerra, incluindo bombardeios com barris explosivos em áreas civis, ataques paramilitares em acampamentos para pessoas deslocadas afetadas pela fome e violência étnica generalizada.
A força paramilitar impôs novas restrições à entrega de ajuda aos territórios onde busca consolidar seu controle, relatam trabalhadores humanitários.
A medida ocorre enquanto as Forças de Apoio Rápido buscam formar um governo paralelo no oeste do país, enquanto estão rapidamente perdendo terreno na capital, Cartum. Essa situação pode dividir ainda mais o país, que já perdeu território quando o Sudão do Sul se declarou independente, em 2011.
Isso também coloca centenas de milhares de pessoas na região oeste de Darfur em risco elevado de fome extrema, muitas das quais já estão deslocadas devido a conflitos anteriores.
A guerra causou o que as Nações Unidas chamam de maior e mais devastadora crise humanitária do mundo. O Sudão tem uma população de cerca de 50 milhões de pessoas. Estimativas indicam que metade de seus habitantes enfrentam fome aguda, especialmente em áreas controladas ou ameaçadas pelas Forças de Apoio Rápido. Mais de 12,5 milhões de sudaneses foram deslocados.
Os congelamentos de financiamento à Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) pelo governo de Donald Trump devem aumentar o desafio.
Em dezembro passado, a Agência de Ajuda e Operações Humanitárias do Sudão emitiu diretrizes exigindo que organizações humanitárias se registrem e operem independentemente em territórios das Forças de Apoio Rápido. Apesar da suspensão das regras até abril, grupos de ajuda relatam que as restrições persistem.