SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após audiência realizada na tarde desta terça-feira (25) no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 2ª Região, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil aceitaram propor a possibilidade adiamento da greve nas linhas 11-coral, 12-safira e 13-jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), marcada para a partir da 0h desta quarta-feira (26), para a próxima sexta (28).
A proposta, chamada de cláusula de paz temporária, foi sugerida pelo vice-presidente judicial do TRT-2, desembargador Francisco Ferreira Jorge Neto. Ela será apresentada à categoria em assembleia às 20h desta terça, de acordo com nota do tribunal.
Segundo o TRT, após a assembleia desta noite, que já estava marcada para ratificar o início da grave, a categoria comunicará ao TRT-2 sobre a decisão. A nova audiência, presencial, deve ocorrer às 23h.
Lourival Júnior, secretário de imprensa do sindicato, disse que a princípio a paralisação está mantida para esta quarta, mas é a categoria que vai decidir. “O estado de greve continua.”
A greve é contra os planos do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de passar as três linhas para gestão da iniciativa privada por 25 anos.
De acordo com a proposta do desembargador, a paralisação seria suspensa até sexta, data marcada para o leilão das linhas na Bolsa de Valores (B3).
Enquanto isso, segundo o tribunal, os empregados estariam autorizados a fazer assembleias nas estações para conscientizar a população sobre as ameaças aos postos de trabalho que entendem haver com a concessão das linhas.
O sindicato, ainda de acordo com o TRT, propôs que os trabalhadores usem vestimentas de cor preta nesses dias como forma de protesto, o que foi aceito pela empresa.
Se mantida, a greve dos ferroviários poderá atingir cerca de 550 mil passageiros que usam as linhas 11-coral, 12-safira e 13-jade.
O número representa, aproximadamente, a média diária dos quase 17 milhões embarques nas três linhas em todo o mês de janeiro, dado mais recente disponível nas estatísticas da companhia.
A cláusula de paz, de acordo com o desembargador, busca minimizar prejuízos à população diante de um serviço essencial, que é o transporte público.
A greve, por tempo indeterminado contra a privatização das três linhas, foi aprovada na semana passada.
Na manhã desta terça-feira, representantes da categoria fizeram um protesto na frente da B3, no centro de São Paulo. Ao mesmo tempo, os grupos CCR e Comporte, os únicos concorrentes do leilão pelo lote Alto Tietê, um conjunto de linhas da CPTM que serão concedidas pelo governo de São Paulo na sexta, entregaram envelopes com suas propostas.
Antes da audiência no TRT, Lucas Dametto Rocha, maquinista que liderava a manifestação, e outros participantes da passeata davam certeza de que a greve iria acontecer e apontavam falta de diálogo com o governo.
Questionada sobre como vai tentar amenizar os efeitos da greve junto aos passageiros, caso ela ocorra, a CPTM não respondeu.