SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os grupos CCR e Comporte serão os únicos concorrentes do leilão pelo lote Alto Tietê, um conjunto de linhas da CPTM que serão concedidas pelo governo de São Paulo na sexta-feira (28).
A entrega dos envelopes foi feita na manhã desta terça (25), na sede da B3, em São Paulo.
O lote Alto Tietê reúne as linhas 11-coral, 12-safira e 13-jade, que interligam a região central da capital à zona leste e cidades como Mogi das Cruzes, Suzano e Guarulhos, onde atualmente opera o Expresso Aeroporto.
Dono de diversas concessões em São Paulo, o grupo CCR pode chegar a controlar sete linhas de trens e metrô se ganhar essa licitação. A companhia administra as linhas 4-amarela e 5-lilás do metrô, além das linhas 8-diamante e 9-esmeralda do trem.
Já o grupo Comporte, criado por Nenê Constantino, da família fundadora da companhia aérea Gol, é uma holding voltada ao setor de transporte, principalmente rodoviário.
Atualmente, a Comporte controla a concessão do metrô de Belo Horizonte (MG) e da linha 7-rubi, em São Paulo, adquirida em leilão no ano passado pelo consórcio C2 Mobilidade Sobre Trilhos -união da Comporte com a gigante estatal chinesa CRRC (China Rail Road Company), uma das maiores fornecedoras de equipamentos de transporte ferroviário do mundo.
Além da linha 7, a concessão envolve a criação de um “trem parador” conectando Jundiaí a Campinas e um trem entre São Paulo e Campinas.
LEILÃO E AMEAÇA DE GREVE
A concessão do Alto Tietê prevê investimentos de R$ 14,3 bilhões em 25 anos de concessões. O projeto abrange melhorias operacionais -como a redução no tempo de espera entre os trens-, tecnológicas e na estrutura da rede ferroviária, que será ampliada.
Serão construídas oito estações, e outras 24 passarão por reformas. O governo também estabeleceu no edital o fim de todas as passagens em nível, que serão substituídas por passarelas ou viadutos e devem oferecer mais segurança a quem transitar na região.
A gestão Tarcísio de Freitas absorveu melhorias regulatórias no contrato, incluindo um programa de investimentos iniciais e uma fase de transição operacional de dois anos. O objetivo é promover mais treinamentos por parte da CPTM aos novos funcionários e permitir a operação assistida da concessionária, evitando problemas e falhas que comprometam o serviço.
Descontentes com o leilão, os ferroviários que atualmente trabalham na linha anunciaram uma greve marcada para início a partir da meia-noite desta quarta (26). Eles são contrários à privatização das três linhas, que atualmente recebe pouco mais de 550 mil passageiros.
“Estamos pedindo para que o governo do estado cancele esse leilão, que chame a categoria para conversar, para a gente ver a melhor forma de não ter um transporte privatizado”, diz Lourival Júnior, secretário de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil.
Um pequeno grupo de ferroviários se manifestou em frente à sede da B3 durante a entrega dos envelopes nesta terça.
Além dos trabalhadores contrários ao leilão, o deputado Guilherme Cortez, líder do PSOL na Alesp (Assembleia Legislativa de SP), entrou com ação popular, na semana passada, pedindo a suspensão do edital de concessão.
O parlamentar alega que há ausência de mecanismos de consulta e participação popular prévia ao edital, além da inexistência de um indicador do impacto da concessão no equilíbrio entre concorrência pública e privada.