SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Hamdan Ballal, cineasta palestino de “Sem Chão”, agredido por colonos judeus na Cisjordânia e detido pelo exército israelense nesta segunda-feira (24), foi liberto, afirmou o codiretor Yuval Abraham nas redes sociais.
Abraham divulgou no X, ex-Twitter, que Hamdan Ballal havia sido retirado pelas Forças Armadas de Israel (IDF), de uma ambulância onde recebia tratamento, após um conflito entre colonos e ativistas palestinos.
Segundo ele, o cineasta foi espancado e passou a noite algemado em uma base militar na Cisjordânia. Quando foi detido, Ballal sangrava e possuía ferimentos na cabeça e na barriga.
O conflito começou após colonos judeus tentarem roubar ovelhas de casas palestinas na cidade de Susiya. “Dezenas de colonos atacaram a reunião no Iftar [fim do jejum de Ramdã]”, disse o prefeito da cidade, Jihad Nawajaa, à Reuters. “Os jovens saíram para impedi-los, e houve cerca de oito feridos do nosso lado”.
Segundo a agência de notícias Associated Press, os colonos atacaram os palestinos com pedras e bastões, quebraram vidros de carros e furaram pneus.
Ballal codirigiu “Sem Chão”, que retrata o cotidiano de resistência dos moradores da cidade de Masafer Yattar para impedir a demolição de suas casas pelo Estado de Israel. No começo deste mês, a produção venceu o Oscar de melhor documentário.
“Sem Chão” tem dois diretores palestinos, Ballal e Basel Adra, e dois diretores israelenses, Abraham e Rachel Szor. Adra testemunhou o ataque aos ativistas palestinos.
A Associação Internacional de Documentários se manifestou na segunda. “Exigimos a libertação imediata de Ballal e que sua família e comunidade sejam informadas sobre sua condição, localização e a justificativa para sua detenção”, afirma o comunicado.
A cidade de Masafer Yatta foi designada como uma zona de treinamento pelo exército israelense em 1980. A IDF ordenou a expulsão dos moradores da área, majoritariamente árabes beduínos.
Apesar de ser considerado território palestino, Israel detém o controle militar da Cisjordânia. Existem mais de 140 assentamentos de colonos na região e em Jerusalém Oriental. Palestinos que habitam o território estão sujeitos à lei militar israelense.