Walison Veríssimo
Uma fala do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), durante a prestação de contas do último quadrimestre de 2024, na manhã desta segunda-feira (24), gerou polêmica e forte reação entre vereadores da Câmara Municipal. Ao relatar um episódio envolvendo descarte irregular de resíduos no Jardim Novo Mundo, Mabel disse que ameaçou enviar o cavalo de um carroceiro para um frigorífico “fazer salsicha dele”, o que foi considerado ofensivo e desrespeitoso por parlamentares, inclusive da base aliada.
“Um dia eu peguei um carroceiro lá no Jardim Novo Mundo e dei uma prensa nele lá, que ele estava jogando o que ele tinha recolhido na carroça, jogando no canteiro nosso. Eu falei: ‘não, eu vou pegar esse cavalo seu aí e vou mandar lá pro frigorífico fazer salsicha dele’. Não é possível você ficar estragando a cidade desse jeito”, disse o prefeito, ao comentar a necessidade de ampliação dos ecopontos na capital — de 4 para 30 unidades, segundo ele.
A declaração foi feita em meio a críticas à logística de coleta de entulhos e à ausência de pontos de descarte acessíveis em bairros mais afastados. Apesar do contexto, a maneira como o prefeito se referiu ao animal gerou repúdio público.
O vereador Lucas Vergílio (MDB), presidente da Comissão de Proteção, Defesa e Direitos dos Animais da Câmara, foi o primeiro a reagir. Em nota, afirmou que a fala do prefeito “ignora completamente a legislação que garante a dignidade e o bem-estar dos animais”, além de incentivar, mesmo que de forma simbólica, maus-tratos.
“A declaração, além de infeliz, é extremamente desrespeitosa com os princípios da proteção animal. Animais não são objetos descartáveis. Temos o dever de garantir sua integridade”, afirmou Vergílio.
A comissão que ele preside anunciou que irá formalizar um requerimento à Prefeitura pedindo esclarecimentos sobre a fala e as políticas públicas voltadas aos animais de tração.
O vereador Fabrício Rosa (PT) também emitiu nota de repúdio, classificando a declaração como cruel e desumana. Para ele, a fala do prefeito não apenas ofende a causa animal, mas também desrespeita trabalhadores que dependem de carroças para sobreviver.
“Mesmo que em tom de ironia, não representa os valores de respeito e compaixão pelos animais, muito menos o tratamento digno que deve ser dado aos trabalhadores. Falas desse tipo são inaceitáveis”, afirmou.
Fabrício exigiu uma retratação pública de Mabel e reforçou o compromisso de seu mandato com políticas de proteção animal e respeito à dignidade humana.