BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – A Argentina foi punida por comportamento discriminatório na última vez que recebeu o Brasil. O reencontro entre as duas seleções em solo argentino se dá durante uma discussão tensa sobre a falta de severidade das punições contra o racismo no âmbito da Conmebol.

O jogo anterior do Brasil em solo argentino foi o empate por 0 a 0 em San Juan, em novembro de 2021, pelas Eliminatórias da Copa de 2022.

Na ocasião, a Fifa identificou “comportamento discriminatório” de torcedores: aplicou multa de 50 mil francos suíços (R$ 300 mil à época) e ainda determinou público reduzido na partida seguinte como mandante.

Por causa disso, a Argentina teve cerca de 7 mil torcedores a menos no jogo contra a Colômbia, no início de 2022.

No jogo em San Juan, o Brasil também não teve Neymar, mas já tinha Vini Jr. O UOL acompanhou aquela partida no meio da torcida argentina.

O confronto agora é na principal casa argentina, o estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires.

O jogo gera atenção porque a torcida argentina foi reprimida com violência no Maracanã, em 2023, e, politicamente, existe um debate acalorado entre Brasil e outros países sul-americanos na Conmebol sobre racismo e violência.

“Racismo é um tema difícil de abordar, existem questões que vão além do jogador de futebol. São questões de ser humano. Respeito é o princípio da humanidade, independentemente da cor, etnia, qualquer forma de preconceito. Apesar da infelicidade do presidente da Conmebol nas palavras, aquilo tem que ser mais claro para quem sofre se sentir abraçado, claramente compreendidas por quem pode ter status diferente na sociedade. Ajudando em qualquer aspecto. No que depender de nós faremos o possível para demonstrar compaixão. O mais importante é entender o que estamos indo disputar, e que possamos dar alegrias com o que fazemos dentro de campo”, disse o atacante do Brasil, Matheus Cunha.

Os presidentes das associações ligadas à Conmebol e embaixadores foram chamados por uma reunião na quinta-feira, com a Conmebol.

Em carta assinada pelos dirigentes semana passada, a CBF e a AFA foram signatárias de um texto que pedia “um chamado à reflexão para estabelecer um clima sem violência, sem discriminação e sem racismo e assim evitar qualquer tipo de manifestação que provoque aumento do confronto entre torcedores e divisão entre os sul-americanos”.

A CBF, posteriormente, refutou um trecho do documento porque o gabinete do presidente Ednaldo Rodrigues assinou o documento sem ler. A contestação foi para a parta que dizia: “A atuação da Conmebol está em linha com as medidas mais rigorosas implementadas nas mais importantes Ligas, Confederações e Fifa.”

Na seleção, os jogadores estão avisados, caso precisem acionar algum protocolo de discriminação dentro do jogo.

“Desde o ano passado, quando a Fifa adotou esse protocolo que foi levado pela CBF, pelo presidente Ednaldo, todos os atletas aqui já tiveram a palestra em relação a isso, para que se perceberem, seja de público ou até de adversário qualquer ato racista, eles já sabem como se comunicarem com o árbitro para que haja interrupção do jogo naquele momento. e a retirada da pessoa do estádio ou até mesmo a punição do adversário para depois o jogo prosseguir. Caso contrário em isso se mantendo o jogo pode ser até cancelado naquele momento. Então eles já estão devidamente informados sobre esses episódios”, disse ao UOL o coordenador da seleção, Rodrigo Caetano.