O campo político bolsonarista enfrenta um desafio estratégico de grande impacto. A escolha entre lançar Tarcísio de Freitas como candidato à Presidência da República ou mantê-lo no governo de São Paulo pode determinar o futuro do grupo. Se optar por tirá-lo de uma reeleição praticamente certa, há o risco de perder o domínio sobre o Estado mais rico do país.
A questão central é que Tarcísio não tem um sucessor natural à altura. Gilberto Kassab, por mais habilidoso que seja nos bastidores, não tem forte apelo eleitoral. Seu perfil técnico o torna eficiente na articulação política, mas insuficiente para conquistar as massas e vencer uma disputa estadual.
Se concorrer ao Planalto, Tarcísio enfrentará adversários de peso, como o presidente Lula e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. O discurso de Caiado sobre segurança pública tem ganhado atenção nacional. Ele é visto como um gestor eficiente, com resultados concretos, principalmente na segurança — área em que São Paulo enfrenta sérias dificuldades com a presença do PCC. Além disso, Goiás tem apresentado avanços na educação, saúde e programas sociais, fortalecendo a imagem do governador como um nome competitivo.
Caso Bolsonaro perca tanto a Presidência quanto o governo paulista, sua força política será drasticamente reduzida. Sem o comando de São Paulo e sem um presidente alinhado ao seu grupo, a direita bolsonarista pode perder relevância nas disputas futuras. Por isso, o ex-presidente pode precisar reabrir diálogo com Caiado, reconhecendo sua viabilidade como candidato presidencial.
A direita tem dois caminhos: unida em torno de um único nome, pode ter chances reais de vencer Lula já no primeiro turno. Mas, se dividir forças, corre o risco de chegar à fase final da eleição enfraquecida, o que poderia facilitar a reeleição do petista. Bolsonaro e seus aliados sabem que Lula está se movimentando politicamente e pode ganhar terreno com medidas econômicas populares até 2026.
A decisão de Tarcísio será crucial. Se permanecer em São Paulo, Bolsonaro pode precisar apoiar Caiado na disputa presidencial. No entanto, essa escolha envolve mais do que pragmatismo eleitoral — esbarra também em ambições e egos dentro da própria direita. O futuro do bolsonarismo dependerá da capacidade de unir forças e traçar uma estratégia que equilibre lealdade, viabilidade eleitoral e governabilidade.