RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Muita gente sabe que ela tinha esse hábito. Mas é curioso imaginar Jane Birkin (1946-2023), atriz e ícone da moda dos anos 1960 e 1970, sacando de sua bolsa um cortadorzinho de unhas, desses que são vendidos em qualquer farmácia, para dar uma ajeitada na cutícula.
Ela, naturalmente elegante, levava um desses pendurado em sua Birkin, o acessório criado em sua homenagem pela grife de luxo Hermès, em 1984.
E é justamente essa bolsa (com o cortador de unha pendurado do lado dentro, e literais marcas da postura política da estrela, como os resquícios de adesivos de entidades humanitárias) que a Sotheby’s vai expor até o final de abril, como obra de arte, em Hong Kong, após passar uma temporada em Paris.
Este modelo é único, já que há elementos que nunca foram replicados ou duraram pouco nas fabricações posteriores da bolsa. Quem vai à loja hoje não encontra exatamente uma igual a que Jane levava a tiracolo, mas uma adaptação moderna.
A dela, por exemplo, tinha alça de ombro e fecho e outras peças em latão dourado. Foram-se as alças, e o que era latão agora é metal banhado a ouro, paládio e ouro rosé.
A bolsa número 1 exposta em Hong Kong é o protótipo do modelo criado em 1984 pelo CEO da Hermès, Jean-Louis Dumas, em homenagem à atriz. Os dois sentaram lado a lado em um voo que ia de Paris para Londres, e Birkin lamentou a dificuldade que tinha em encontrar bolsas adequadas às suas necessidades. O designer rascunhou uma peça grande, retangular, flexível e espaçosa. Nascia um ícone da moda.
A bolsa Birkin ganhou destaque no mundo fashion, principalmente, a partir da década de 1990. Hoje, o acessório de luxo é considerado um dos mais caros e exclusivos do mundo, com preços a partir de R$ 50 mil, podendo bater a casa dos R$ 2 milhões. Este foi o valor arrecadado em um leilão, em 2017, por um modelo em couro de crocodilo, com detalhes em ouro e diamantes.