RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O pai suspeito de sequestrar a filha de oito anos no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, foi preso nesta quinta-feira (20) na Rocinha, favela da zona sul do Rio de Janeiro. O caso é investigado desde 5 de março, quando ambos foram vistos pela última vez na região do morro do Baú, na cidade de Ilhota (SC).

A prisão ocorreu por agentes da Polícia Civil do Rio após denúncias do paradeiro do suspeito, que foi encontrado na região Laboriaux da favela. A menina, que estava com o pai no momento da detenção, está bem e sob os cuidados do conselho tutelar.

Agentes foram até a Rocinha, e o pai, que ficou sabendo da operação para prendê-lo, foi até o posto policial no interior da favela e depois encaminhado para a 11ª DP, no pé da favela, onde foi detido. A defesa dele não foi localizada.

“Nós iremos representar pelo recambiamento [transferência]. Mas, quando será efetivamente feita a transferência, só a Polícia Civil do Rio poderá dizer”, afirmou o delegado Bruno Fernando Oliveira, do DPCAMI (Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso) de Blumenau, que apura o caso.

Ainda segundo o investigador, a mãe da criança estava a caminho do Rio para reencontrar a filha.

A fuga com Marina, uma menina de 8 anos no Vale do Itajaí, teria sido planejada por três meses pelo pai, José, segundo a polícia. Os nomes são fictícios para preservar a identidade da criança.

A Justiça decretou a prisão temporária de José pelos crimes de sequestro, cárcere privado e desobediência. A Polícia Civil suspeita que ele estivesse recebendo ajuda para fugir. Caso isso se confirme, segundo o delegado, os envolvidos poderão responder pelos mesmos crimes.

A investigação apontou que, nos meses anteriores ao desaparecimento, José vendeu diversos bens e solicitou um empréstimo bancário.

Ele também teria feito saques que totalizaram R$ 60 mil. Segundo a polícia, o dinheiro teria sido usado para financiar a fuga.

Os motivos seriam a perda da guarda da criança e um suposto abuso cometido pelo avô materno contra a criança. De acordo com depoimentos de amigos e familiares, José afirmava que, se não conseguisse fugir com a menina, mataria o avô. A polícia disse que essa denúncia foi investigada e que o caso está em andamento na Justiça.

De acordo com o delegado Bruno Fernando, o último contato com José ocorreu no dia 1º de março, e a fuga foi comunicada à DPCAMI cinco dias depois.

O pai e a filha teriam sido deixados na região do morro do Baú por um motorista de aplicativo, junto com muitas malas e instrumentos musicais.

Segundo o depoimento do motorista, José disse que encontraria um amigo para ir de carona até Blumenau, a pouco mais de 30 km dali. Depois, seguiram para passar o Carnaval em Piratuba, cidade no oeste catarinense conhecida por ser polo turístico de águas termais.

Contudo, amigos e colegas dele negaram que havia uma viagem programada.

“Além do planejamento da fuga, ele está se valendo da alienação parental como forma de manipular a criança. Essa prática já vinha ocorrendo há meses e foi um fator determinante para a perda da guarda”, disse o delegado Bruno Fernando, durante a investigação.