SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Suedna Barbosa Carneiro, 41, conhecida como Mainha do Crime, pagava até R$ 2.200 por celular roubado, de acordo com inquérito obtido pela Folha de S.Paulo. Ela está presa desde fevereiro, suspeita de chefiar uma quadrilha que agenciava vários crimes em São Paulo, inclusive o latrocínio que terminou com a morte do delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior.
Os preços variavam de acordo com modelo de iPhone e se o aparelho permitia a troca do chip (“com gaveta”, em referência ao espaço que os aparelhos reservam os chips).
Um iPhone 11, que tem a gaveta e a tecnologia eSIM (chip virtual), por exemplo, seria comprado por Suedna por R$ 250, segundo a Polícia Civil. Enquanto um modelo 15 Pro Max com espaço para chip seria comprado por R$ 2.200.
A função de Mainha na quadrilha, de acordo com a investigação, seria fornecer armas de fogo, motocicletas, capacetes e mochilas de entregador para os assaltantes.
Ela comprava os aparelhos roubados e recebia um valor pelo aluguel dos materiais.
A defesa da suspeita nega seu envolvimento nos crimes.
Segundo Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo, a quadrilha de Mainha também esteve envolvida no latrocínio do ciclista Vitor Medrado, morto ao lado do Parque do Povo, no Itaim Bibi (zona oeste), em fevereiro.
“É uma vergonha uma pessoa presa em 2023 por posse de arma estar livre pela fragilidade da legislação brasileira”, disse em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (19), referindo-se ao histórico criminoso de Suedna.
Contudo, não há menção a Medrado no inquérito de prisão concluído de Suedna. Há seis vítimas citadas no documento, segundo a investigação, incluindo Maria Veronica Wasmosy Schimidt, Thais Akiko Alves Bulsonaro e Pedro Fulanetto Crestana.
Suedna foi presa em flagrante no dia 18 de fevereiro, em Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Com ela, foram encontrados três revólveres, 18 celulares, R$ 21 mil, computadores, motos e joias, entre outros itens.
Ela permaneceu em silêncio durante o interrogatório, acompanhada de sua advogada.
Em nota à reportagem, a advogada de Suedna, Sandrine Amorim, afirma que o silêncio foi para deixar que as provas, bem como as declarações necessárias, fossem apresentadas em momento oportuno. Tendo em vista que ela ainda não foi ouvida formalmente nas demais investigações que estão em andamento, segundo a defesa.
Amorim reforça que Suedna, em nenhum momento, confessou a autoria dos crimes, tampouco reconheceu a propriedade dos bens apreendidos incluindo o celular que mostra os valores.
Quanto às mortes de Belarmino e Medrado, Amorim nega qualquer vínculo. As investigações ainda não foram conclusivas quanto a participação de Suedna e seguem em segredo de Justiça, diz.
As armas apreendidas na residência da suspeita, segundo a defesa, também não possuem conexão com os crimes e estão passando por perícia.