BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O deputado federal Rogério Corrêa (PT-MG), eleito nesta quarta (19) presidente da Comissão de Finanças e Tributação, não descarta discutir uma ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda -o governo propõe que seja de R$ 5.000- desde que esse debate esteja alinhado à revisão de renúncias fiscais ou à indicação de fontes de receitas.
Sem apontar como compensar o aumento da faixa de isenção, o debate é demagógico, afirma o parlamentar. “Se houver uma proposta séria que sugira o aumento, [ou então que] compatibilize com recursos.”
A revisão de incentivos tributários para garantir a neutralidade fiscal do projeto do IR (sem aumento ou perda de arrecadação) foi levantada na terça pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e é vista como uma alternativa à taxação da alta renda, também proposta pelo governo, e que seria alvo de resistência no parlamento.
Corrêa diz que a revisão de benefícios fiscais será central para a comissão em 2025. Com exceção da Zona Franca de Manaus e do Simples Nacional, o parlamentar diz que todos os outros benefícios tributários terão de ser discutidos e as vantagens, comprovadas.
Essa revisão pode ter efeito para o projeto do Imposto de Renda, mas, segundo o petista, vai além dele. “Nossa intenção é melhorar [o projeto de lei do IR] e a gente, quem sabe, pode até tirar um debate de renúncia fiscal e até ampliar essa faixa.”
Apesar de mencionar mais de uma vez que o fim de benefícios tributários poderia abrir espaço para isenção maior no Imposto de Renda, Corrêa citou Lula e disse que mudanças no projetos serão bem-vindas se melhorarem o texto (o presidente disse no lançamento do projeto que “se mudar para melhor, ótimo”).
A elevação da faixa de isenção, segundo ele, precisa ser vista com o Ministério da Fazenda. Fernando Haddad, titular da pasta, será o primeiro convidado do Executivo a participar de uma reunião da Comissão de Finanças e Tributação. Na quarta, Corrêa já tentava marcar um encontro.
A expectativa de Corrêa, que é também vice-líder do governo, é a de que o projeto do IR tenha um rito convencional de tramitação, começando pela Comissão de Finanças e Tributação. Uma vez aprovado lá, iria para Comissão de Constituição e Justiça.
A decisão, porém, cabe à presidência da Casa, que também pode definir que o texto passe por mais alguma comissão. A tendência, avaliam parlamentares, é de que o projeto não passe por muitos colegiados para evitar que a discussão se alongue.
Hugo Motta avisou aos parlamentares que sob seu comando os projetos não seriam mais analisados com urgência, quando as comissões são dispensadas e o texto vai direto para o plenário, dispositivo bastante utilizado no ano passado.
Isso só deve ser confirmado na segunda semana de abril, depois que Motta e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado, voltarem do Japão, para onde vão em missão oficial com o presidente Lula. Até lá, o governo começa a negociar também quem será o relator do projeto na comissão, que não deverá ser do PT.
Além de Rogério Corrêa, foi eleito nesta quarta também o deputado Florentino Neto (PT-PI) como vice-presidente da comissão. Eles preveem outros convites nas primeiras reuniões da comissão.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também será chamado a falar de juros e seus efeitos sobre o controle da inflação, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.