SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “A água ou vem suja, ou não vem”, diz Josefina Cardoso, 65, moradora do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo. Desde o início de janeiro, ela e outras pessoas que vivem na região reclamam sobre problemas no abastecimento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), como mostrou a Folha de S.Paulo. As dificuldades persistem, afirmam os atingidos.
O líquido estaria saindo das torneiras com mau cheiro e coloração escura. Isso quando o abastecimento não é interrompido por horas. Normalmente, por volta das 16h, só voltando pela manhã do dia seguinte, dizem os usuários. Procurada, a empresa diz que tudo está dentro de seus padrões de qualidade.
Em razão das reclamações, o Ministério Público do estado abriu um inquérito na última quinta-feira (13) para investigar os serviços prestados pela Sabesp. A Promotoria quer saber se há substâncias tóxicas nos reservatórios que atendem a zona sul, as represas de Guarapiranga e Billings.
A Sabesp afirma que ajustou processos de tratamento em fevereiro após identificar problemas no sistema Guarapiranga. Além disso, foram realizadas manobras operacionais, como o envio de água do sistema Cantareira para alguns bairros.
Sobre a investigação da Promotoria, a empresa diz ter prestado todos os esclarecimentos solicitados.
“A companhia reforça que a qualidade da água fornecida à população é uma prioridade e que realiza monitoramento contínuo em todas as etapas do processo de captação, tratamento e distribuição, […] garantindo que a água distribuída esteja nos parâmetros de potabilidade exigidos”, diz em nota.
Apesar das explicações da Sabesp, ainda há registros de água suja e interrupções no abastecimento nos bairros de Santo Amaro, Capão Redondo, Interlagos, Cidade Dutra, Vila São José, Cidade Ademar, Grajaú e Parelheiros.
O município de Embu das Artes, vizinho ao extremo-sul da capital paulista, também tem relatos de problemas com a água. Moradores de um condomínio com mais de 80 famílias no Jardim Júlia se revesam para comprar e dividem galões, evitando beber o que sai de suas torneiras. “Pessoas com filhos com deficiência estão passando por isso. É desesperador”, afirma Anderson Silva.
O Ministério Público não limita sua investigação à Sabesp, que pode ser multada caso não comprove a qualidade do serviço oferecido. Foram pedidos esclarecimentos também à Prefeitura de São Paulo e ao governo estadual, por meio da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Ambos são responsáveis pela fiscalização dos reservatórios na cidade e no estado.