SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Boas notícias vindas da China ajudam o dólar a atingir o nível mais baixo em quatro meses, JBS vai a Nova York para ganhar dinheiro e outros destaques do mercado nesta terça-feira (18).

**OS (LEVES) VENTOS DO OTIMISMO **

O dólar caiu ontem ao menor nível em quatro meses, terminando o pregão a R$ 5,68. A leve onda de otimismo passou pela bolsa também: o Ibovespa subiu 1,45%, aos 130.833 pontos.

Os destaques positivos nas negociações foram os papéis da Petrobras, da Vale, da Embraer e do Itaú.

O QUE ROLOU?

O dia teve algumas notícias favoráveis sobre a China, o que impulsionou o desempenho de emergentes –como o nosso real– e enfraqueceu o dólar.

Falamos na edição de ontem sobre uma delas: um plano de ação para impulsionar o consumo doméstico no país.

Ainda, o Banco Central chinês prevê o corte das taxas de juros e do índice de reservas obrigatórias dos bancos para incentivar tomadas de empréstimos e usos de cartões de crédito.

Essas medidas podem fazer a economia chinesa girar com maior velocidade. Mais consumo, mais crescimento –o que anima o mercado internacional em um momento de tensão sobre o que pode acontecer com o comércio.

↳ As vendas do varejo chinês aumentaram 4% nos últimos dois meses, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas de lá.

“O Brasil, um dos principais parceiros comerciais da China, está bem posicionado para se beneficiar desse movimento”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

ENQUANTO ISSO NOS EUA…

Os temores de recessão se agravam, fazendo os investidores mais cautelosos com o dólar.

Há receio também em torno das conversas entre Trump e Vladimir Putin, o líder russo, para discutir um cessar-fogo da guerra na Ucrânia –e as tensões que podem sair disso.

**GANHA AQUI, GANHA LÁ **

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) chegou a um acordo com a J&F Investimentos para a dupla listagem das ações da JBS nas Bolsas de Valores do Brasil (B3) e de Nova York (NYSE).

↳ A J&F Investimentos é a holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista, que abriga empresas como a JBS, a Eldorado, o Banco Original e o Pic Pay.

O ACORDO

Para que ele tenha validade dentro dos termos definidos agora, é preciso que a nova listagem nos EUA seja concluída até o fim de 2026 –quando acaba o mandato do presidente Lula (PT). No Brasil, ela já é negociada.

A empresa tem liberdade para escolher quando fará a abertura de capital na bolsa americana. Isso significa que ela pode esperar por um momento em que acredite que as ações serão melhor absorvidas pelos investidores.

É provável que não seja logo. Como já falamos aqui, a guerra comercial e o medo da recessão têm feito empresas segurar a abertura de capital.

IDEIA ANTIGA

A ida da empresa para os pregões americanos era discutida há anos, mas dependia da aprovação do BNDES. O banco é o segundo maior acionista, com 20,8% do frigorífico.

A instituição topou o negócio com a condição de que será remunerada em até R$ 500 milhões pela J&F caso as ações da JBS na NYSE não atinjam uma valorização pré-estabelecida até 2026.

PARA QUÊ?

Em geral, uma empresa abre seu capital para acessar mais investimentos com maior facilidade. Com o dinheiro que conseguiu, pode traçar a estratégia que quiser: expandir os negócios, melhorar o caixa, ir às compras.

Captar recursos no mercado americano é um cenário desejável para muitas empresas: é o maior do mundo, com 60% do capital global.

A título de comparação: as duas bolsas de valores dos EUA, a NYSE e a Nasdaq, somam cerca de US$ 60 trilhões (R$ 340 trilhões), segundo a Statisa. A bolsa brasileira acumula US$ 700 bilhões (R$ 3,9 trilhões).

**CHAMPAGNE SEM COMEMORAÇÃO **

Uma pequena região da França pode ser brutalmente afetada pela guerra comercial entre Estados Unidos e quase todo mundo. A área de Champagne, que lucra sobretudo com a venda de espumantes luxuosos, vê riscos para negócios centenários.

CONTEXTO

Na última quinta-feira (13), o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou aplicar uma tarifa de 200% sobre todos os vinhos e outros produtos alcoólicos da União Europeia.

A jogada foi uma tréplica à resposta da Europa às taxas de 25% impostas pelo governo americano às importações de aço e alumínio.

↳ A Comissão Europeia impôs encargos retaliatórios sobre 26 bilhões de euros (R$ 147,7 bilhões) em produtos norte-americanos. A previsão é que todos estejam em vigor até 13 de abril.

Entre estas tarifas, estão algumas que já existiam e estavam suspensas. As que serão retomadas atingem, entre outros produtos, barcos, bourbon e motos Harley Davidson.

UM MUNDO PEQUENO

Um vinho espumante só pode ser nomeado champanhe caso seja produzido em uma região determinada da França, que se estende por apenas 210 quilômetros –da cidade de Reims ao rio Aube.

Aqueles que têm a certificação de autenticidade, cedida por entidades regionais, dependem muito da exportação para sobreviver. Uma taxação de 200% seria fatal para alguns negócios.

– Produtores de champanhe franceses obtêm quase US$ 1 bilhão (R$ 5,68 bilhões) em negócios com os EUA anualmente;

– Na região, operam gigantes do mercado, como Dom Pérignon, Veuve Clicquot e Moët & Chandon, pertencentes ao conglomerado de luxo LVMH.

TEMPO DE UVAS MURCHAS

Épernay teve um ano difícil em 2024, com problemas climáticos reduzindo a colheita.

O consumo local também diminui: os jovens preferem coquetéis e cervejas artesanais aos espumantes. No ano passado, as vendas caíram 9%.

EFEITO DOMINÓ

Pequenos comerciantes de vinhos nos EUA também temem por seus negócios, que seriam impossibilitados por uma taxa de 200%.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

REPETECO

A Forever 21 pede recuperação judicial nos EUA pela segunda vez em seis anos.

É NATURAL

Responsável por 80% da produção nacional, o estado de São Paulo começa a regulamentar a venda de cogumelos.

MURCHOU

As tarifas de Trump devem afetar o crescimento do Brasil e de outros países do G20, segundo um relatório publicado pela OCDE.

NEM TÃO POLÊMICA ASSIM

Ex-BC, Armínio Fraga diz que a fala de Lula sobre população procurar outros alimentos está correta.