Da Redação

O preço do cacau quase triplicou nos últimos dois anos, colocando em risco a produção de ovos de Páscoa e outros produtos à base de chocolate. O aumento expressivo nos custos da matéria-prima atingiu seu pico em dezembro de 2024, quando a tonelada de cacau foi comercializada a US$ 11.040 na bolsa de valores de Nova York – um crescimento de 163% em relação ao mesmo período de 2023.

O principal motivo para a disparada nos preços está nas condições climáticas adversas que afetaram as colheitas dos maiores produtores mundiais de cacau. A Costa do Marfim, por exemplo, que sozinha responde por 45% da produção global, sofreu com períodos de seca e chuvas irregulares, comprometendo a oferta da amêndoa.

Impacto no mercado brasileiro

Como o cacau é uma commodity com preços definidos no mercado internacional, a alta afeta diretamente a indústria brasileira. Para minimizar os impactos, produtores de chocolates, tanto industriais quanto artesanais, adotaram estratégias para evitar repasses diretos ao consumidor final. No entanto, essa estratégia pode não se sustentar na Páscoa de 2025, já que o cacau utilizado na fabricação dos produtos sazonais foi comprado justamente no segundo semestre de 2024, período de maior alta da matéria-prima.

Além do aumento de preços, a produção de ovos de Páscoa será reduzida neste ano. A estimativa é que 45 milhões de unidades sejam fabricadas, uma queda de 22,4% em comparação com os 58 milhões de ovos produzidos em 2024.

Produção global em queda

A crise no setor não é pontual. A produção mundial de cacau caiu pelo terceiro ano consecutivo, gerando um déficit de 758 mil toneladas desde a safra 2021/2022. Isso significa que o mundo está consumindo mais cacau do que consegue produzir.

No Brasil, o cenário não é diferente. Em 2024, a demanda interna foi de aproximadamente 229 mil toneladas, mas a produção nacional atingiu apenas 179,4 mil toneladas – uma queda de 18,5% em relação a 2023. Como resultado, o país segue dependente da importação para atender à sua necessidade de matéria-prima, o que pode impactar ainda mais os preços do chocolate nos próximos meses.