Da Redação

Um levantamento divulgado nesta segunda-feira (17) pelo jornal Folha de S. Paulo revelou que Goiás é o estado com o maior número de mandados de prisão em aberto para líderes do tráfico de drogas supostamente escondidos em favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Ao todo, a polícia goiana enviou 53 pedidos de apoio às forças de segurança do Rio para capturar esses criminosos.

O estado está bem à frente de outras unidades da federação que também figuram no topo desse ranking, como Pará (35 pedidos), Bahia (33), Amazonas (21) e Mato Grosso do Sul (21). Outros estados também constam na lista, mas com números inferiores, como Alagoas (20), Minas Gerais (20), Ceará (15) e Espírito Santo (12). No total, o Rio de Janeiro registra 249 pedidos ativos de auxílio de diferentes estados para a captura de traficantes que teriam fugido para suas comunidades.

Criminosos buscam refúgio em favelas cariocas

Entre os procurados, um dos nomes que chamam atenção é o de Emílio Carlos Gongorra Castilho, conhecido como “Cigarreira”. Apontado como mandante do assassinato de Antônio Vinícius Gritzbach, ex-integrante do PCC morto a tiros no aeroporto de Guarulhos, ele teria se refugiado no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, uma das principais bases do Comando Vermelho. Segundo investigações, Cigarreira teria sido visto em um baile funk na comunidade, frequentado por figuras ligadas à facção criminosa.

Luxo e estrutura nas favelas

De acordo com policiais, esses foragidos encontram nas comunidades do Rio de Janeiro um ambiente propício para se esconder, além de uma infraestrutura que inclui piscinas, saunas e academias. O fenômeno é visto como um reflexo da expansão territorial das facções criminosas, especialmente após decisões judiciais que restringiram ações policiais nessas áreas.

Reação do governo

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), defendeu medidas mais rígidas no combate ao crime organizado e afirmou que tem levado propostas a Brasília para fortalecer a segurança pública. Entre as iniciativas, ele destaca a necessidade de endurecer as leis penais contra o crime organizado, dar maior autonomia aos estados na legislação sobre segurança e reforçar o controle das fronteiras.

Uma das principais apostas do governo fluminense é a suspensão da ADPF 635, que regula ações policiais em comunidades e será analisada pelo Supremo Tribunal Federal no próximo dia 26. Segundo a polícia do Rio, a limitação das operações contribuiu para a migração de criminosos e a expansão das facções, um movimento que se intensificou desde 2016, com o acirramento da disputa entre PCC e Comando Vermelho.