RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Durante o debate no julgamento do assassinato de Moïse Kabagambe, nesta sexta-feira (14), a Promotoria revelou um novo detalhe sobre a cena do crime. Segundo a acusação, imagens analisadas pelos investigadores mostram que, enquanto aplica um golpe no pescoço da vítima, para imobilizá-la, o réu Brendon Silva faz um sinal de “hang loose” com a mão gesto de saudação com os dedos polegar e mindinho erguidos.
Além disso, a Promotoria apontou que Fábio Pirineus, outro réu no caso, teria limpado a câmera do celular e feito a foto do momento com o flash ativado. O registro, segundo os promotores, reforça a frieza dos envolvidos no crime.
A imagem foi exibida no júri popular que julga Fábio Pirineus da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, que respondem por homicídio doloso qualificado por motivo fútil, uso de meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Brendon Alexander Luz da Silva teve seu julgamento desmembrado do processo após um recurso da defesa, que ainda tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A defesa sustenta que os réus agiram para proteger o gerente do quiosque, Jailton Pereira Campos, conhecido como Baixinho, que teria sido ameaçado por Moïse. No entanto, imagens exibidas no júri mostram a vítima sendo imobilizada e agredida, sem oferecer resistência.
O jovem congolês foi espancado até a morte em um quiosque da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, em 24 de janeiro de 2022.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro atua como assistente de acusação e busca, além da condenação dos réus, reparação financeira para a família de Moïse em uma ação cível por danos morais.
Por diversos momentos durante a sessão nesta sexta, quando foram exibidas imagens do crime e de Moïse morto, os parentes se emocionaram e precisaram ser amparados.
A advogada Flávia Fróes, que faz a defesa de Aleson Cristiano, afirma que “a motivação das agressões que resultaram na morte de Moïse foi a defesa de um idoso que estava sendo covardemente atacado por ele”.
Já a advogada Hortência Menezes, que representa Fábio Pirineus, alega que seu cliente “nunca teve a intenção de matar Moïse, mas agiu para proteger um idoso indefeso, ameaçado por horas”. Ainda segundo a defensora, “a morte de Moïse não teve qualquer motivação racial, xenofóbica ou trabalhista”.
A defesa de Brendon Alexander nega as acusações.
O julgamento foi retomado nesta sexta, por volta das 10h40, com a fase de debates entre o Ministério Público, a assistência de acusação e a defesa.
A sessão foi suspensa na madrugada, por volta das 23h50 de quinta (13), após depoimentos de seis testemunhas e o interrogatório de dois dos réus.
Fábio Pirineus e Aleson Cristiano responderam apenas às perguntas de seus advogados, e se recusaram a falar com o Ministério Público e com o juiz do caso, Thiago Portes Vieira de Souza.
Ao todo, seis testemunhas devem ser ouvidas, entre 20 que foram convocadas inicialmente. A previsão é que a sentença seja anunciada nesta sexta.