BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo Lula (PT) anunciou as novas datas da cúpula de chefes de Estado e de governo da COP30. O evento que precederá o restante da cúpula climática da ONU (Organização das Nações Unidas), em Belém, ocorrerá nos dias 6 e 7 de novembro deste ano.
A conferência em si, com a participação de diplomatas e ministros, será de 10 a 21 de novembro, datas que não foram alteradas.
A capital do Pará tem falta de estrutura de hospedagem para a demanda de pessoas que devem participar da COP30. São esperados 50 mil visitantes, enquanto a cidade contava, até o ano passado, com 18 mil leitos. Para aliviar o fluxo de pessoas em Belém, a organização decidiu então antecipar o encontro dos chefes de Estado e de governo.
Apesar da medida para evitar a lotação, a organização disse, anteriormente, não ter orientado qualquer redução nas delegações dos países.
As novas datas foram divulgadas nesta quinta-feira (13) por Valter Correia, secretário extraordinário para a COP30. Ele destacou a importância de realizar a abertura com mais tranquilidade e organização.
“A cúpula faz parte da COP, e a antecipação é uma decisão do Brasil. Isso nos dá tempo para uma reflexão mais aprofundada, sem a pressão da rede hoteleira ou da cidade, além de ajudar a organizar melhor a abertura oficial do evento”, disse Correia.
A cúpula de líderes faz parte das atividades oficiais de todas as conferências do clima. Normalmente, ela acontece na véspera da abertura geral de cada COP.
A antecipação já era esperada desde meados de 2024. Segundo projeções feitas pelos organizadores do encontro, a decisão tem potencial de reduzir quase pela metade o número de pessoas presentes simultaneamente na capital paraense, de 50 mil para 30 mil.
Além disso, também é esperado que diminua a pressão por acomodações de luxo, chamadas de classes A e B.
Como estratégias para vencer o gargalo de hospedagem, a organização do evento aposta em cruzeiros de luxo, uma vila provisória e aluguéis em plataformas como Airbnb.
Atualmente, pela falta de vagas combinada com a alta demanda, o mercado imobiliário em Belém tem preços exorbitantes e irreais em plataformas de aluguéis, contratos atípicos, intenções de despejo de inquilinos, represamento de imóveis e ofensivas de grandes empresas por apartamentos.
Proprietários de imóveis estão represando vagas de aluguel para ofertá-las durante a COP30, diante da perspectiva de ganhos estratosféricos. Há ofertas na casa dos milhões de reais em plataformas privadas.
Essas ofertas são tidas como irreais, ilusórias e abusivas pelo Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) no Pará. Há casos, segundo a entidade, em que são pedidos R$ 2 milhões pelo aluguel da temporada da COP30, enquanto o imóvel, normalmente, custa cerca de R$ 120 mil para venda.
Apartamentos com cinco camas, disponível para 17 diárias durante o período da conferência, chegam a ser anunciado por mais de R$ 2 milhões. Uma rede de hotel chega a cobrar US$ 2.000 por um leito, por dia, durante a COP30, para hospedagem numa unidade em Ananindeua, cidade colada em Belém. Uma diária, hoje, custa R$ 336.
A situação de Belém e perspectivas de que a cidade não tivesse condições de receber a cúpula já foram comentadas pelo presidente Lula (PT). Ele afirmou ter recebido sugestões para transferir a realização para o Rio de Janeiro ou São Paulo.
Sobre a escolha da cidade, Lula disse que não iria “enfeitar” Belém nem “tirar o pobre da rua” para a realização da COP30. “Eu quero que eles vejam a nossa Belém do jeito que ela é”, afirmou.
“Se não tiver hotel cinco estrelas, durma num de quatro. Se não tiver de quatro, durma num de três. Se não tiver de três, durma [sob a] estrela do céu, do mundo, olhando para o céu, que vai ser maravilhoso”, afirmou também Lula em evento em Belém na última semana.
O governo federal também pretende lançar, por volta de março, um portal na internet para centralizar as reservas de hospedagem. A ideia vem sendo discutida pela Secretaria da COP30 com a Casa Civil.
A ideia é reunir, em um mesmo site, ofertas da rede de hotéis e hostels da cidade, quartos nos cruzeiros atracados no porto, leitos das escolas que serão usadas para alojamento e também casas de moradores que queiram alugar o espaço durante o evento.
No total, o Governo do Pará calcula que serão investidos de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões em obras de infraestrutura para a conferência como drenagem e melhoria de canais.
Cerca de R$ 1 bilhão será custeado com verbas de Itaipu, a fundo perdido, R$ 2,3 bilhões virão de financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o restante, da gestão estadual.