NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governo fará uma alteração no conselho de administração da Petrobras em assembleia agendada para 16 de abril. O engenheiro José Fernando Coura deve substituir Vitor Saback, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME (Ministério de Minas e Energia).
Inicialmente, a assembleia não trataria de renovação do conselho atual, eleito em 2024 com mandato de dois anos, mas a renúncia do conselheiro independente Marcelo Gasparino forçou a estatal a convocar uma nova eleição para oito dos 11 membros do colegiado.
Eles foram eleitos pelo sistema de voto múltiplo, no qual os acionistas depositam votos em candidatos isolados, e não em uma chapa. Estão na lista todos os conselheiros indicados pelo governo e o banqueiro Juca Abdalla, além da vaga de Gasparino.
O governo tem hoje seis representantes no conselho. A lista para a eleição mantém cinco deles, incluindo o presidente do conselho e secretário de Petróleo e Gás do MME, Pietro Mendes, que foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a uma diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
A nomeação de Mendes para a ANP depende ainda de aprovação no Senado e enfrenta resistência do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, desafeto do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, padrinho do presidente do conselho da Petrobras.
Saback, também secretário de Silveira, é cotado para um cargo na estatal. Assim como Mendes, foi alvo de processo da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre abuso de poder do governo ao nomear conselheiros questionados por órgãos internos de governança. Os dois e a União foram absolvidos.
Seu substituto, José Fernando Coura, tem histórico no setor de mineração, com passagem por empresas como Caemi e Companhia de Cimento Portland Itaú.
Atuou na Secretaria de Minas e Energia do governo de Minas Gerais, foi diretor da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) e comandou o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), associação que representa mineradoras com interesses no país.
Além dos seis representantes indicados pelo governo, o conselho de administração da Petrobras tem hoje três representantes de acionistas minoritários -dois deles permanecem em suas cadeiras- e uma conselheira eleita pelos trabalhadores, que também tem mais um ano de mandato a cumprir.
Na assembleia de abril, os acionistas da Petrobras aprovarão ainda as demonstrações financeiras de 2024, ano em que a empresa experimentou queda de 70% no lucro líquido, e a remuneração aos acionistas pelo resultado. Vão debater a remuneração dos administradores da companhia. A proposta, porém, ainda não foi divulgada pela estatal, que em 2024 previu um gasto de até R$ 43 milhões com salários, bônus e benefícios para diretores e conselheiros