Da Redação

Nesta quarta-feira (12), a ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, esteve em Goiânia para o lançamento do Projeto Pop Rua Cidadã, uma iniciativa da vereadora Kátia Maria (PT). Criado em 2023, o projeto tem como objetivo principal promover ações integradas para atender a população em situação de rua da capital goiana e elaborar um censo detalhado sobre essa realidade.

Entre as principais medidas do projeto estão: a criação de um levantamento oficial sobre o número de pessoas em situação de rua, a implementação do modelo Housing First, que oferece moradia imediata para essa população, a capacitação profissional e a formação contínua das equipes de atendimento. Além disso, estão previstas reuniões mensais da rede de apoio e o direcionamento de emendas parlamentares para fortalecer as políticas públicas voltadas para essa questão.

O projeto conta com a parceria da PUC-GO, UFG e IFG, além do envolvimento de organizações sociais e pastorais de rua. Para a vereadora Kátia Maria, a iniciativa surge da preocupação com o crescente número de pessoas vivendo sem moradia e a necessidade de políticas públicas mais eficazes. “Nosso objetivo é qualificar as ações voltadas a essa população e garantir que os profissionais envolvidos tenham a formação necessária para lidar com essa realidade”, destacou.

O censo a ser realizado ajudará a compreender os fatores que levam as pessoas à condição de rua, enquanto investimentos serão direcionados a Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), unidades de saúde como CAIS e UPAs, e na estruturação de consultórios de rua. A parlamentar reforça a necessidade de articulação entre os poderes municipais, estaduais e federais, além da atuação de diversas pastas, como Saúde, Assistência Social e Ministério das Cidades.

Desafios e o Censo Nacional

A ministra Macaé Evaristo ressaltou que, nos últimos dez anos, houve um crescimento significativo da população em situação de rua no Brasil, intensificado pela pandemia. “Voltamos a ver crianças, mulheres, idosos e famílias inteiras vivendo nas ruas. Por isso, estamos articulando com o IBGE a realização de um censo nacional para dimensionar essa realidade e garantir direitos básicos a essa população”, afirmou.

Evaristo também destacou que, apesar da existência de programas como Ruas Visíveis, a ausência de um censo amplo dificulta a ampliação das políticas públicas. “As pessoas vivem nos municípios, e é nas cidades que elas buscam ajuda, seja na Câmara de Vereadores, nas prefeituras ou nas secretarias municipais”, explicou.

A secretária da Mulher, Direitos Humanos e Assistência Social de Goiânia, Erizânia Freitas, reconheceu que a política de atendimento à população de rua tem sido negligenciada. Ela defendeu a necessidade de um novo espaço para o Centro Pop, que atualmente não dispõe de infraestrutura adequada para oferecer dignidade aos seus usuários. Além disso, a secretaria está articulando, junto à UFG, a realização do censo local ainda este ano.

O Crescimento da População em Situação de Rua

Os dados reforçam a urgência dessas medidas. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a população em situação de rua no Brasil cresceu 140% entre 2012 e 2020, passando de 92.515 para 221.869 pessoas. A pandemia agravou ainda mais esse quadro: estimativas indicam que, em 2022, esse número chegou a 281.472 pessoas, um aumento de 38% em relação a 2019.

Em Goiânia, o último levantamento oficial, realizado em 2019 pela UFG, contabilizou cerca de 350 pessoas vivendo nas ruas. No entanto, as estimativas mais recentes indicam que esse número já ultrapassa 2.500 pessoas.

Com o Projeto Pop Rua Cidadã e a articulação entre diferentes esferas do governo, a expectativa é que novas políticas sejam implementadas para garantir moradia, assistência e dignidade para essa população vulnerável.