BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em cerimônia que marcou a sua despedida do cargo de ministra da Saúde, a socióloga Nísia Trindade afirmou que foi alvo de ataques machistas à frente da pasta.

“Não posso esquecer que durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. Não é possível e não aceito, e acho que não devemos aceitar, como natural um comportamento político desta natureza”, disse Nísia nesta segunda-feira (10), sem nomear os autores destes ataques.

“Podemos construir nova política baseada no respeito e destaco respeito a nós mulheres, e no diálogo por propostas para melhorar a vida de nossa população, nesse momento desejo sucesso”, disse ainda Nísia.

O discurso foi feito durante o evento posse de Alexandre Padilha (PT) no cargo de ministro da Saúde. O presidente Lula acompanhou a cerimônia que também marcou a nomeação de Gleisi Hoffmann ao comando da SRI (Secretaria de Relações Institucionais).

À frente da Saúde, Nísia foi um dos alvos prioritários de críticas de integrantes do centrão, especialmente do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Em março de 2024, ela também foi criticada por Lula durante uma reunião ministerial. Dias mais tarde, Nísia disse que não precisa “falar grosso” para gerir o ministério e afirmou que era alvo de ataques machistas.

Padilha foi escolhido em 25 de fevereiro para substituir Nísia na chefia da Saúde. Lula tem cobrado que o Ministério da Saúde emplaque uma ação de maior visibilidade.

No discurso de despedida, a sociólogo disse que atuou para “reconstruir o SUS e a capacidade de gestão do ministério”.

Nísia ainda destacou que foi a primeira mulher a comandar a Fiocruz e ocupar o cargo de ministra da Saúde. Ela afirmou que, à frente do ministério, foi alvo de uma “campanha sistemática e misógina” de desvalorização do seu trabalho e idoneidade.

Com a saída de Nísia e a nomeação de Gleisi, o governo conta com 10 mulheres, em meio às 38 pastas existentes.