SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A polícia encontrou nesta quarta-feira (5), em uma área de mata, o corpo da adolescente Vitória Regina de Sousa, 17, que estava desaparecida havia uma semana em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo.

Vitória desapareceu após sair do trabalho, em um shopping da cidade, no bairro Polvilho. Ela trabalhava como operadora de caixa em um restaurante e deixou o local por volta das 23h do dia 26 de fevereiro.

O principal e único suspeito a ter a identidade divulgada é o ex-namorado de Vitória. Gustavo Vinicius Moraes, 25, que se apresentou à polícia na tarde desta quinta (6). Ele ainda não tem advogado.

A Polícia Civil pediu a prisão dele por inconsistências em seu depoimento, mas a Justiça não acatou. “Nós pedimos a prisão do ex-namorado não por termos qualquer indício de que ele foi o autor do fato. Mas porque há uma grande inconsistência na sua oitiva, que foi confrontada com alguns fatos da investigação”, afirmou Aldo Galiano, delegado Seccional de Franco da Rocha.

Ao todo, 14 pessoas já foram ouvidas e seis são investigadas, sendo o ex-namorado, um ex-ficante, dois homens que entraram no ônibus com ela e dois homens que estavam em um veículo e a teriam assediado.

Familiares reconheceram o corpo de Vitória, encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) da cidade. Ela foi achada com a cabeça raspada e sem as roupas.

Cães farejadores da Guarda Municipal ajudaram na localização do corpo. O trabalho de buscas foi realizado na rota da casa da adolescente, para onde ela iria após o trabalho.

A Prefeitura de Cajamar decretou luto de três dias. “Esta é uma perda irreparável, que causa imensa dor à sua família, amigos e a toda a comunidade cajamarense”, disse, em nota, a administração municipal. “Agradecemos a todos que auxiliaram nas buscas e demonstraram apoio. Que Vitória seja sempre lembrada com carinho e que sua família encontre forças para enfrentar essa dor.”

Gustavo faz parte de uma das duas linhas de investigação da polícia. A primeira linha envolve o motivo de vingança. Segundo Aldo, foi encontrado um motivo pessoal “muito forte” entre a vítima e o ex-namorado, mas que não iria revelar nesse momento por estar em segredo de Justiça.

Além disso, Vitória tentou contatar o ex-namorado na noite em que desapareceu, pedindo uma carona. Mas ele só visualizou a mensagem à 1h30 da manhã.

Às 4h, ele respondeu a mensagens da família de Vitória, que avisava sobre o desaparecimento, com um “ok”.

O suspeito prestou depoimento no inicio da investigação, porém, com a evolução, percebeu-se que houve inconsistências de horários.

A segunda linha envolve uma possível ameaça. Pessoas próximas a Vitória afirmaram em depoimento que ela estava sendo intimidada há semanas, segundo o delegado.

Quem quer que seja o autor do crime, segundo o delegado, tinha muito conhecimento da região e provavelmente era um morador da área.

Ainda segundo ele, o PCC (Primeiro Comando da Capital) pode estar por trás do crime.

“Um grande risco de que possa haver uma organização criminosa envolvida nisso, inclusive nós fizemos a prisão de um grande membro do PCC há cerca de quatro ou cinco meses no mesmo local. Há um foco do PCC na região, inclusive naquela favela [próxima de onde a adolescente morava]”, afirmou o delegado em entrevista ao Bom Dia SP, da TV Globo .

ENTENDA O CASO

Vitória desapareceu em Cajamar na noite da última quarta-feira depois de sair do trabalho, às 23h, em um shopping da cidade, onde trabalhava como operadora de caixa.

Ela estava em um ponto de ônibus próximo ao shopping e havia dois homens no local, segundo mensagens que ela enviou para uma amiga. A adolescente também relatou estar com medo.

Por volta da meia-noite, ela avisou à amiga que tinha entrado no ônibus e que apenas um dos homens entrou no coletivo. Ela ainda afirmou depois que estava tranquila e que, quando desceu, esse homem continuou no ônibus.

De acordo com a Polícia Civil, testemunhas contaram que viram um carro com homens seguindo a adolescente quando ela caminhava para casa, no bairro Ponunduva, depois de descer do coletivo.