Para enfrentar os desafios das chuvas e minimizar os impactos das enchentes, a Prefeitura de Goiânia anunciou a implementação do projeto Zona de Amortecimento, com um investimento de R$ 28 milhões. A iniciativa, conduzida pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), deve começar ainda neste mês, priorizando áreas com maiores dificuldades de drenagem.
A primeira intervenção será na Avenida 136 com Avenida 85, onde será instalada uma vala de 1,20 metro de profundidade, acompanhada de um gradil para facilitar a absorção da água e reduzir o risco de alagamentos.
Soluções naturais para um problema urbano
Atualmente, Goiânia enfrenta 132 pontos críticos de alagamento. Para lidar com essa situação, o projeto aposta em soluções baseadas na própria natureza, como jardins de chuva, valas, caixas de infiltração e calçadas permeáveis. A instalação dessas estruturas seguirá um sistema de cascata, respeitando a inclinação do terreno para otimizar o escoamento da água.
A ação também tem parceria com empresas privadas interessadas no Selo Verde de Sustentabilidade, certificação que reconhece organizações comprometidas com práticas ambientais responsáveis. No Parque Areião, por exemplo, a manutenção das novas estruturas será financiada por meio do Codese (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia).
Onde serão implantadas as zonas de amortecimento?
A Amma já definiu sete locais estratégicos que receberão as melhorias:
• Lago das Rosas (Córrego Capim Puba)
• Bosque dos Buritis (Córrego Buritis)
• Parque Botafogo (Córrego Botafogo)
• Parque Cascavel (Córrego Cascavel)
• Parque Vaca Brava (Córrego Vaca Brava)
• Jardim Botânico (Córrego Botafogo)
• Parque Areião (Córrego Areião)
Além da drenagem, o projeto segue diretrizes do Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU), promovendo a substituição de árvores comprometidas, a instalação de lixeiras e programas de educação ambiental.
Plano Diretor de Drenagem: um desafio antigo
Apesar da criação do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia em 2008, sua implementação ainda é um desafio. O professor Klebber Formiga, doutor em Hidráulica e Saneamento pela UFG, aponta que a cidade sofre com falhas estruturais e falta de dados sobre microdrenagem, além de decisões equivocadas do poder público e profissionais da engenharia.
Formiga destaca que o problema vai além da administração municipal e envolve até a formação dos engenheiros, já que poucas faculdades oferecem a capacitação necessária para lidar com os complexos sistemas de drenagem urbana. A falta dessa expertise reflete diretamente na qualidade das obras e no cotidiano da população.
Com o novo projeto da Prefeitura e o investimento em soluções sustentáveis, a expectativa é que Goiânia comece a mudar esse cenário e reduza os impactos das chuvas na cidade.