BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira (26) que já definiu quem irá substituir Alexandre Padilha (PT) na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), mas que ainda precisa comunicar o novo escolhido. O ministério é responsável pela articulação política do Executivo com o Legislativo.
O presidente deu início à reforma ministerial no dia anterior, com a demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde e a decisão de que Padilha irá substitui-la -mas sem indicar quem comandaria a SRI.
“Já está escolhido, mas eu não contei para vocês ainda. Eu vou contar quando eu falar com a pessoa primeiro, senão vou indicar a pessoa sem ter falado”, disse Lula nesta quarta.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, o presidente se queixou a aliados nos últimos dias dos vazamentos à imprensa de conversas sobre as trocas na Esplanada. De acordo com relatos, Lula afirmou que integrantes de sua equipe que estejam sob o risco de deixar o cargo não podem descobrir pela imprensa eventual substituição.
A declaração de Lula sobre já ter um nome para a SRI foi dada a jornalistas em visita surpresa do presidente à agência da Caixa Econômica localizada no subsolo do Palácio do Planalto na tarde desta quarta. O petista foi ao local para acompanhar o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e uma aluna beneficiária do programa do governo federal Pé-de-Meia.
O presidente também foi questionado por jornalistas se algum anúncio sobre quem substituirá Padilha será feito antes do Carnaval. Ele respondeu: “Vamos ter paciência, tudo vai acontecer no tempo certo”.
A SRI é um dos quatro ministérios palacianos e a pasta responsável pela articulação política. A relação do governo com o Congresso nos dois primeiros anos da gestão Lula foi marcada por instabilidade e atritos, sobretudo na Câmara dos Deputados, com queixas à atuação de Padilha.
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), por exemplo, rompeu com Padilha e fez críticas públicas ao então ministro em 2024, chamando-o de “incompetente” e seu “desafeto pessoal”.
Hoje, entre os mais cotados para chefiar a SRI está a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), apesar de a entrada dela no Palácio do Planalto ser apontada por aliados do petista como ruidosa diante do perfil de enfrentamento da parlamentar.
Também são lembrados os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). O próprio Wagner, no entanto, afirmou a membros do governo ao menos duas vezes nesta semana que acredita que um deputado deve ocupar o cargo, justamente pelas dificuldades do Executivo com a Câmara.
Guimarães tem a simpatia de dirigentes do centrão, sendo um dos petistas mais próximos de integrantes do grupo.
Apesar disso, há também entre aliados de Lula quem aponte a necessidade de um nome de parlamentar do centro chefiar a SRI, repetindo fórmula já adotada pelo petista em outros mandatos. A cúpula da Câmara defende o nome de Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), líder do partido na Casa e considerado o braço direito no presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
O nome do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), deputado federal licenciado do Republicanos, também é uma opção.
Os rumores sobre reforma ministerial se arrastam há meses e foram intensificados com a divulgação de pesquisas que mostraram uma queda na popularidade do Executivo.
Até esta terça, Lula só tinha oficializado a entrada de Sidônio Palmeira na Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência no lugar de Paulo Pimenta (PT-RS).
Integrantes do entorno do presidente dizem que as mudanças começarão por petistas e com os ministros da chamada cota pessoal de Lula. Com as trocas na Esplanada, o governo busca garantir também sustentação política no Legislativo já mirando uma possível campanha à reeleição em 2026. O próprio Lula sinalizou que é preciso saber quais partidos que têm assento na Esplanada seguirão apoiando o projeto no futuro, afirmando que “2026 já começou”.
O petista também pretende incluir nas conversas os presidentes da Câmara e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), nas negociações da reforma. Ele também deverá procurar líderes e presidentes dos partidos da base aliada.