Da Redação
Um relatório divulgado pela SaferNet nesta terça-feira (11), no Dia Internacional da Internet Segura, revelou um crescimento alarmante no número de denúncias de exploração sexual infantil no Telegram. Entre o primeiro e o segundo semestres de 2024, houve um aumento de 78% nas notificações de conteúdos ilegais envolvendo crianças e adolescentes dentro da plataforma.
De acordo com a pesquisa, 2,65 milhões de usuários participaram de grupos e canais no aplicativo que compartilhavam imagens de abuso infantil ao longo do ano passado. O número de grupos ativos que disseminam esse tipo de material também aumentou significativamente, chegando a 171 espaços, um crescimento de 78% em relação ao semestre anterior. Além disso, o total de usuários identificados nesses canais subiu 12%, passando de 1,25 milhão para 1,4 milhão.
A falta de moderação eficaz por parte do Telegram é um dos fatores que permitem a proliferação desses grupos, segundo alerta a SaferNet. A organização aponta que, no segundo semestre de 2024, 349 grupos com conteúdo criminoso permaneceram ativos sem qualquer tipo de intervenção da plataforma. As denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal para investigação e possíveis ações judiciais.
Aumento de usuários e grupos criminosos
O levantamento também revelou um crescimento expressivo no número de usuários envolvidos nesses grupos ao longo do ano. No primeiro semestre de 2024, 1,25 milhão de contas estavam inscritas nesses canais, número que saltou para 1,4 milhão nos seis meses seguintes. No total, mais de 2 milhões de usuários acessaram esses espaços durante o período analisado.
Já o número de grupos e canais ativos com esse tipo de conteúdo subiu 19%, passando de 874 para 1.043. Uma parcela desses grupos não apenas compartilha imagens de abuso infantil, mas também comercializa esse material, aceitando pagamentos na forma de “estrelas” do Telegram, um sistema de transação interna da plataforma.
Outro ponto preocupante é a falta de regulação financeira do Telegram no Brasil. A empresa não possui registro no Banco Central, o que permite a utilização de 23 provedores de pagamento, muitos deles sediados em paraísos fiscais ou em países como Rússia e Ucrânia. Desses, quatro já foram alvos de sanções internacionais por facilitação de atividades ilegais.
Resposta do Telegram
Em resposta às acusações, o Telegram afirmou ter uma “política de tolerância zero para pornografia infantil” e garantiu que emprega um sistema de moderação humana, inteligência artificial e denúncias de usuários para combater conteúdos ilegais. A plataforma também informou que, somente em fevereiro de 2024, 18.907 grupos e canais foram removidos por envolvimento com materiais de abuso infantil.
Como denunciar crimes online
A SaferNet orienta que denúncias sobre conteúdos de abuso e exploração infantil sejam encaminhadas à Central Nacional de Denúncias, que atua em parceria com o Ministério Público Federal. Além disso, casos suspeitos de violência sexual contra crianças e adolescentes podem ser reportados pelo Disque 100, serviço de atendimento do governo federal.
O Telegram também permite que usuários denunciem conteúdos criminosos diretamente no aplicativo. Para isso, basta seguir os seguintes passos:
- Android: tocar na mensagem e selecionar “Denunciar”.
- iOS: pressionar e segurar a mensagem e escolher a opção correspondente.
- Desktop: clicar com o botão direito do mouse na mensagem e selecionar “Denunciar”.
O aumento expressivo dessas denúncias reforça a necessidade de maior fiscalização e medidas de proteção para impedir a disseminação de conteúdos ilegais na internet, especialmente em plataformas de mensagens instantâneas.