SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O TCU (Tribunal de Contas da União) abriu nesta quarta-feira (5) uma auditoria em caráter de urgência para avaliar as contas da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

O ministro Walton Alencar Rodrigues, responsável pelo pedido, disse em plenária do tribunal que dados publicados pela Previ mostram que, entre janeiro e novembro de 2024, o Plano 1 do fundo acumulou prejuízo de R$ 14 bilhões -em 2023 e 2022, o resultado para o mesmo período foi positivo em R$ 5,6 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente.

Procurada, a Previ não comentou até a publicação desta reportagem.

Alencar Rodrigues aponta que em 2024 os investimentos do plano renderam 1,58%, abaixo dos 16,12% de 2023. “Se tivessem pegado o dinheiro e comprado títulos do Tesouro teriam rendido o valor integral da Selic mais acréscimos”, disse.

O Plano 1 é o plano de Previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil admitidos até dezembro de 1997. Em novembro, o fundo somava R$ 228 bilhões sob gestão, dos quais 62,5% (R$ 143 bilhões) estão alocados em renda fixa e 27,8% em renda variável. Há 83,2 mil contribuintes, dos quais 80 mil são aposentados.

Segundo o ministro, com esse desempenho há a perspectiva de danos graves para o Banco do Brasil, que “em caráter extraordinário poderá ser obrigado a contribuir paritariamente com os segurados”.

O ministro também disse que “sérios problemas de gestão parecem estar a afligir a entidade”. O despacho foi encaminhado à Secretaria Geral de Controle Externo para a apuração das informações.

O fundo de pensão é presidido desde março de 2023 por João Fukunaga, criticado à época nas redes sociais e entre aposentados por falta de experiência na área. Ele é funcionário do BB desde 2008 e também tem no currículo trajetória como dirigente sindical -ingressou na diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região em 2012.

Fukunaga chegou a ser afastado da presidência da Previ depois de dois meses no cargo após o deputado estadual Leonardo Siqueira de Lima (Novo-SP) entrar com uma ação na Justiça. O TRF-1 derrubou a decisão e ele foi reconduzido ao cargo dias depois.

A Previ é uma entidade fechada de previdência e seus participantes são funcionários e aposentados do Banco do Brasil, pensionistas, colaboradores do quadro próprio da Previ e familiares dos associados.

Segundo seu site, “as políticas de investimentos são elaboradas com o objetivo de buscar a melhor rentabilidade possível, a fim de cumprir com o dever fiduciário de pagamento de benefícios”.