RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Pri Helena, 32, está amando ser odiada. Intérprete da bandida Cacá de “Volta por Cima”, a atriz celebra a primeira vilã logo na estreia na teledramaturgia. Mineira de Juiz de Fora, ela deseja que Claudia Souto não escreva a redenção da personagem nos capítulos finais.

“Queria que ela vencesse essa barreira do machismo que existe ali nesse mundo da contravenção e que terminasse chefe de tudo”, diz.

A atriz também está no elenco do filme “Ainda Estou Aqui”. Ela conta que, quando foi chamada para fazer um teste para interpretar Zezé, a empregada doméstica da família Paiva, pensou que fosse um trote.

“Trabalhar com Fernanda Torres, Selton Mello e ser dirigida por Walter Salles não acontece toda hora (risos)”, diz, em entrevista à reportagem. Pri Helena revela que se inspirou na avó para construir a personagem no premiado filme brasileiro. “A minha avó saiu da roça para trabalhar na casa da família de um médico muito rico e abdicou muito da sua própria vida para cuidar do outro”.

PERGUNTA – Como é para você estrear em novela com uma personagem tão odiada como a Cacá de ‘Volta Por Cima’?

PRI HELENA – Eu estou achando bom porque era exatamente isso que falaram quando me chamaram para o papel. A Cacá vai ser antagonista de Madalena (Jéssica Ellen), a grande rival tem que despertar a antipatia do público, a raiva e a torcida contra.

P – Como essa raiva e antipatia chegam para você?

PH – No início, fiquei assustada porque sou um rosto novo. Confesso que tinha medo de como o meu trabalho seria recebido pelo público, mas fui relaxando. Estou viciada em acompanhar a repercussão nas redes e esses burburinhos me alimentam no sentido de entender que eu estou na caminho certo. Uma vilã odiada é tudo que uma atriz deseja.

P – Você sempre quis ser atriz?

PH – Sempre. Comecei a fazer teatro com 11 anos na minha cidade, Juiz de Fora. Passei por várias companhias teatrais, cheguei a me formar em jornalismo para enganar a família (risos) porque queria mesmo ser atriz. Em 2017, me mudei para o Rio e fez a escola Martins Pena. Cheguei a fazer uma participação em “Travessia” (2022), de Gloria Perez, fiz também a série “Os Outros” e no ano passado veio o convite para a novela.

P – Acredita que esse convite tem relação com a sua participação no filme “Ainda Estou Aqui”?

PH – Com certeza. A Zezé é uma personagem incrível que eu procurei estudar muito, me envolver. Trabalhar com Fernanda Torres, Selton Mello e ser dirigida por Walter Salles não é toda hora (risos). Quando me chamaram e contaram que eu precisava fazer uma cena pelo celular e enviar a um produtor de ‘Ainda Estou Aqui’, pensei que fosse um trote.

P – Como foi para você construir a Zezé?

PH – “Ainda Estou Aqui ” é um filme que retrata uma história real dos anos de 1970 e a primeira conversa que tive com a produtora é que ela seria uma personagem com uma relação próxima e densa com a família e de muita sororidade com a personagem da Fernanda Torres, a Eunice. Tinham poucos registros dela, mas eu conversei muito com o Marcelo (Rubens Paiva) e com o próprio Walter Sales.

P – Teve alguma outra referência?

PH – Me baseei muito na minha avó, que era uma mulher origem muito humilde. Ela saiu da roça para trabalhar na casa da família de um médico muito rico e que abdicou muito da sua própria vida para cuidar do outro. Preenchi essas lacunas da história real da Zezé com as história da minha avó.

P – Você vai ao Oscar?

PH – A gente não sabe ainda. Também não sei se eu vou conseguir a liberação da novela, porque a gente vai estar em um período decisivo das gravações da trama da Claudia Souto. Vou torcer muito para comemorar as conquistas em pleno Carnaval. Olha que beleza!

P – A gente sabe muito pouco sobre a sua vida pessoal. Não costuma falar sobre isso?

PH – Não tenho problema. Tenho uma pessoa que eu amo muito e a gente está construindo, assim, uma história bem legal. Acho que não tenho ainda uma estabilidade para falar sobre, para dar nome. Mas eu estou completamente apaixonada.

P – É do meio artístico?

PH – É do meio. (risos). Quando as coisas estiveram menos bagunçadas, a gente se abre. Mas eu não tenho problema nenhum da falar sobre mim.

P – Para terminar, qual seria para você o final da Cacá?

PH – Queria que ela vencesse essa barreira do machismo que existe ali nesse mundo da contravenção e que terminasse chefe de tudo. Não queria a redenção da personagem e acho que seria incrível ter uma mulher nesse lugar.